15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Pênfigo bolhoso induzido por Nivolumabe: Um relato de caso

Introdução/Fundamentos

Os novos imunoterápicos trouxeram comprovados avanços no tratamento de pacientes oncológicos. No entanto, o uso de anticorpos anti-PD1, como Nivolumabe e o Pembrolizumabe, está associado a efeitos colaterais gastrointestinais, endócrinos e cutâneos, dentre os quais, raramente, o pênfigo bolhoso.

Objetivos

Relatar caso de aparecimento de lesões compatíveis com pênfigo bolhoso, confirmadas por biópsia de pele, em paciente que recebia Nivolumabe e Denosumabe.

Caso

Mulher, 91 anos, diagnosticada em 2009 com carcinoma renal de células claras estágio II, submetida a nefrectomia do rim esquerdo. Evoluiu com metástase óssea única em coluna lombar, no ano de 2012, sendo realizada cirurgia em coluna, seguida de radioterapia. Em 2017 cursou com progressão da doença em ossos e fez uso de sorafenibe, interrompido por toxicidade. Após um ano, a doença progrediu com metástases ósseas e pulmonares, quando foi iniciada segunda linha paliativa com Nivolumabe 3mg/kg a cada duas semanas e Denosumabe 120 mg a cada 4 semanas. No sétimo ciclo, a paciente evoluiu com lesões bolhosas pruriginosas generalizadas. Foi interrompido o tratamento oncológico, realizada biópsia de pele e introduzido prednisona 20mg ao dia, com resolução completa. A imunoterapia foi reiniciada e mantida a dose de 10 mg de prednisona ao dia. A paciente apresentou resposta parcial da lesão pulmonar e resolução completa das queixas de dores ósseas.

Conclusões/Considerações finais

As terapias anti-PD1 inibem o efeito imunossupressor provocado pela superexpressão de PD-L1, mecanismo de evasão imunológica tumoral. Apesar do importante benefício clínico, a imunoterapia pode induzir eventos cutâneos adversos, relatados mais comumente como pruridos e erupções maculopapulares, isto é, lesões leves ou moderadas. O pênfigo bolhoso induzido por Nivolumabe é uma condição rara e pouco relatada da literatura. Sua patogênese ainda não foi totalmente esclarecida, porém sugere-se relação com a atividade de células T e o aumento da produção de autoanticorpos contra a proteína hemidesmossômica BP180 provocado pela superestimulação de células B. O diagnóstico e o tratamento precoce desses eventos cutâneos, portanto, são necessários para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, prevenindo ou reduzindo as interrupções do tratamento. E neste caso foi possível a reintrodução do tratamento com o uso de baixas doses de corticoide, mantendo-se assim resposta oncológica.

Palavras-chave

Oncologia; imunoterapia; nivolumabe; pênfigo bolhoso

Área

Clínica Médica

Autores

Esther Alves Régis dos Santos, Amanda Ferreira Barbosa, Marielle Santos Freitas, Marina Inês de Oliveira Prado, William Giovanni Panfiglio Soares