15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE HEPÁTICA E PERITONEAL EM JOVEM PORTADOR DE LMA

Introdução/Fundamentos

A tuberculose hepática é uma afecção rara cuja apresentação clínica é inespecífica, podendo ser um dilema diagnóstico.

Objetivos

Descrever um caso de tuberculose de acometimento hepático e peritoneal, contribuindo como diagnóstico diferencial.

Caso

Feminino, 27 anos. Diagnóstico prévio de leucemia mielóide aguda tipo M3, em remissão após quimioterapia de indução. Admitida à internação por suspeita de bacteremia após febre persistente sem foco, tremores e dor abdominal intensa. Sem outras queixas. Ao exame físico, dor à palpação difusa profunda de abdome, sem peritonismo. Iniciou-se piperacilina, tazobactam e meropenem, sem melhora. Após exames laboratoriais, encontrou-se fosfatase alcalina (FA: 1363U/L) e gama glutamiltransferase (GGT: 1075U/L) aumentadas. Tomografia computadorizada (TC) revelou moderado derrame pleural bilateral, ascite, hepatoesplenomegalia e densificação grosseira nodulariforme em peritônio, de etiologia a esclarecer, sem sinais de colecistite. Radiografia de tórax normal. Hemocultura, cultura de líquido ascítico e sorologias negativas. Biópsia hepática evidenciou hepatite granulomatosa do tipo tuberculoide com necrose caseosa. Pesquisa de BAAR e fungos negativas. Diagnóstico pela infectologia de tuberculose hepática e peritoneal, iniciado esquema com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (RZHE), obtendo nos exames de controle melhora da função hepática e resolução do quadro.

Conclusões/Considerações finais

Tuberculose hepática pode se apresentar como tuberculose hepática associada à tuberculose miliar generalizada, tuberculose pulmonar primária do fígado, tuberculoma primário ou abscesso hepático. As manifestações incluem febre de foco indeterminado, persistente após antibioticoterapia empírica, dor abdominal e perda ponderal, mais comum em pacientes portadores de HIV e imunodeprimidos. O laboratório pode cursar com elevações de FA, GGT, transaminases e bilirrubinas. Estudos de imagem com ultrassonografia e TC trazem padrões nodulares inespecíficos, hepatoesplenomegalia e ascite, e a radiografia de tórax deve ser realizada para pesquisar primo-infecção. O diagnóstico definitivo é por histologia. A baciloscopia do granuloma e hemocultura costumam ser negativas devido ao caráter paucibacilar das lesões. Tuberculose e esquistossomose são as causas infecciosas mais frequentes de granuloma hepático, este podendo ser associado com o envolvimento peritoneal. A resposta favorável ao tratamento resulta na resolução dos sintomas, regressão do granuloma e desaparecimento de ascite.

Palavras-chave

Tuberculose, tuberculose hepática, granuloma

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

Meritza BERTO FROTA, Bruna Caroline Nichelatti, Jamile Polati El-Dine, Raquel Meurer, Sérgio Adam Mendonça