15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Pancreatite autoimune relacionada a IgG4 simulando câncer de cabeça de pâncreas: Relato de caso

Introdução/Fundamentos

A pancreatite autoimune (PAI) é uma forma rara de inflamação crônica cuja etiologia pode estar associada a agressão do sistema imunológico ao pâncreas. Sabe-se que a corticoterapia mostra-se eficaz ao seu tratamento. Dois subtipos da doença são conhecidos: o tipo 1 faz parte da doença relacionada à IgG4, a qual além do pâncreas pode acometer ductos biliares, linfonodos, rins e glândulas salivares; já o tipo 2 afeta somente o pâncreas. Como PAI 1 pode ser confundida com câncer de pâncreas é importante considerá-la para evitar que seja erroneamente diagnosticada como neoplasia, apesar de valores de marcador tumoral CA 19-9 elevados. Salienta-se que ambas podem ter sinais e sintomas semelhantes, mas tratamentos distintos.

Objetivos

Relatar a importância do diagnóstico de pancreatite autoimune como diagnóstico diferencial de tumores pancreáticos.

Caso

Paciente masculino, 63 anos, histórico de tabagismo e etilismo, relatando diagnóstico de diabetes mellitus recentemente, buscou atendimento por dor em abdome superior há 1 mês, relacionada à piora com alimentação, associada a perda ponderal de 18kg no período e icterícia. Realizada tomografia computadorizada e ressonância magnética com evidência de massa em cabeça de pâncreas com 4,5cm de diâmetro em contato com veia mesentérica superior. Marcador tumoral CA 19-9 com valores elevados (145,3 U/mL), evidenciando sugestivo quadro de neoplasia.
Paciente submetido a laparotomia, sem ressecção da massa devido extenso comprometimento da veia mesentérica superior. Foram realizadas derivação biliodigestiva em Y de Roux e gastroenteroanastomose latero-lateral. A partir da biópsia, em exame anatomopatológico, demonstrou-se linfonodos sem evidência de doença metastática e amostra de cabeça de pâncreas sem evidências de neoplasia, com infiltrado inflamatório crônico e áreas de fibrose. O estudo imunológico mostrou IgG4 positiva na maioria das células. A associação de imagem e histopatologia confirmaram a hipótese diagnóstica de PAI, sendo iniciada corticoterapia, com melhora do quadro clínico e remissão das lesões radiológicas.

Conclusões/Considerações finais

É importante relatar que a pancreatite autoimune por IgG4 pode simular lesões neoplásicas. Logo, deve-se considerá-la como diagnóstico diferencial de massas pancreáticas, especialmente em casos de exame patológico negativo em biópsias pré-operatórias, para evitar que os pacientes sejam submetidos a métodos investigativos e terapêuticos equivocados.

Palavras-chave

Pancreatite autoimune, doença relacionada a IgG4, neoplasia

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Franciscana - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Jonas Severino Costella, Lucas Feijó Pereira, Victor Fernandes Santos Rodrigues, Dara Christy Werle Mentges, Manuela Nunes Riesgo