15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

VASOESPASMO CORONARIANO COMO MANIFESTAÇÃO DE SÍNDROME CARCINOIDE - RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A Síndrome carcinoide é um conjunto de sinais e sintomas oriundos da liberação de alguns neuromoduladores (serotonina p.e.) produzidos por tumores carcinoides, que em geral acometem o trato gastrointestinal (73,7%) e o trato respiratório (25,1%). Tal síndrome tem sido relatada nos casos em que há metástase hepática, condição quase obrigatória para manifestação dos sintomas clássicos. A manifestação clínica costuma envolver flushing, diarreia e dor abdominal, sendo menos frequente broncoespasmo e doença valvar cardíaca1,2.

Objetivos

Relatar um caso de vasoespasmo coronariano com alteração no eletrocardiograma (ECG) em paciente com diagnóstico de síndrome carcinoide com sítio primário ileal.

Caso

Paciente S.M. , sexo feminino, 51 anos, apresentou dor retrosternal tipo B, com supradesnivel do segmento ST ao ECG, além de evoluir, durante internação, com quadro de pletora torácica e em membros superiores intensa, associada a cianose facial significativa, dispneia, náuseas e rebaixamento do nível de consciência. Ao seguir investigação, fez-se o diagnóstico de síndrome carcinoide com sítio primário ileal e metástase hepática (Figura 1), provavelmente levando a quadro de vasoespasmo coronariano, já que não foram encontradas lesões coronarianas no cateterismo.
Ao exame laboratorial, evidenciou-se níveis elevados de metanefrinas urinárias: 465,4 (ref. < 280) e Acido Hidroxi Indol Acetico (5 HIAA) > 40 (ref. 2-9), fechando o diagnóstico de síndrome carcinoide.
Poucos casos foram relatados na literatura associando o fenômeno de vasoespasmo coronariano à síndrome carcinoide 3-5, entretanto a fisiopatologia envolvendo o fenômeno está bem documentada. A serotonina em altos níveis pode causar vasoconstricção pela sua ação em receptores 5-HT2. Em geral a ação serotoninérgica gera vasodilatação, mas no endotélio aterosclerótico pode haver vasoconstricção, justificando o vasoespasmo e gerando clinica de infarto agudo do miocárdio6.
Um aspecto que chama a atenção é o fato de os relatos na literatura de vasoespasmo coronariano associado à Síndrome carcinoide serem relatados em pacientes com doença arterial coronariana (DAC) prévia, o que não ocorre no paciente do presente caso.

Conclusões/Considerações finais

Vasoespasmo coronariano em pacientes com síndrome carcinoide e sem DAC prévia consiste em uma manifestação clínica significativa, que deve ser conhecida e estudada a fim de compor o arsenal de diagnósticos diferenciais em pacientes oncológicos.

Palavras-chave

síndrome carcinoide, vasoespasmo coronariano, tumores carcinoides, metástase hepática.

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Católica de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Bruna Accioly Kwiatkowski, Luna Hussein Colombelli, Matheus Accioly Kwiatkowski, Rafael Pelissaro, Marcele Gnata Vier, Tiago Bottega