15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Estado de mal não convulsivo e encefalopatia induzida por cefepime

Introdução/Fundamentos

Cefepime é uma cefalosporina de quarta geração que apresenta atividade contra organismos gram-positivos e negativos. É utilizada no tratamento de infecções do trato respiratório, gastrointestinal e urinário, pele e partes moles. Sua principal via de excreção é renal, com meia vida aproximada de duas horas nos pacientes com função renal preservada. Um de seus efeitos adversos é a neurotoxicidade, fato comprovado pelo crescente número de casos relatados de encefalopatia por cefepime na literatura; havendo maior prevalência nos pacientes com disfunção renal e idade acima de 50 anos. Pode ocasionar desde confusão mental até estado de mal não convulsivo (EMNC).

Objetivos

Com este relato de caso buscamos trazer o diagnóstico de encefalopatia por cefepime como um dos diferenciais naqueles pacientes que estejam em uso de antibioticoterapia de amplo espectro e apresentam alteração do nível de consciência.

Caso

Paciente, sexo feminino, 68 anos, portadora de mieloma múltiplo e doença renal crônica (DRC). Após realização de quimioterapia apresentou agudização da DRC e quadro de neutropenia febril. Iniciado cefepime com dose ajustada para função renal. No quarto dia de internação iniciou com confusão mental, mioclonias multi-segmentares e rebaixamento do nível de consciência. Dois dias após, foi realizado eletroencefalograma (EEG) que constatou a presença de ondas agudas trifásicas generalizadas periódicas, com frequência de 3 Hertz, compatível com status epilepticus não convulsivo. Sendo assim, foi trocado antibiótico para meropenem, realizada dose de ataque de benzodiazepínico, hidantalização e sedação continua. Em monitorização com videoeletroencefalograma, verificou-se desaparecimento do padrão periódico do traçado, permanecendo a atividade de base desorganizada e algumas ondas com morfologia trifásica. Quatro dias após, houve normalização do traçado eletroencefalográfico e melhora neurológica progressiva. Ao completar sete dias da suspensão do cefepime, apresentou despertar efetivo e recebeu alta hospitalar.

Conclusões/Considerações finais

Diante do crescente uso de antibioticoterapia de amplo espectro, destaca-se a importância de aventar o diagnóstico de encefalopatia por cefepime nos pacientes que apresentem alteração do nível de consciência, por ser um evento cada vez mais comum em nosso meio e frequentemente negligenciado. Seu conhecimento é essencial para que a medicação seja rapidamente suspensa e o risco de sequelas permanentes seja reduzido.

Palavras-chave

Estado de mal não convulsivo; cefepime; encefalopatia; eletroencefalograma

Área

Clínica Médica

Autores

Alessandra Laitart, Rafaella Ferreira Medeiros, Pedro Búrigo Costa, Gabriela Baron, Lisiane Taiara Ganassin, Diego Antonio Fagundes