15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Pacientes clínicos na décima década de vida admitidos numa UTI de forma urgente: avaliação da mortalidade hospitalar, mortalidade após a alta e qualidade de vida.

Fundamentação/Introdução

O envelhecimento da população torna imperativa a discussão sobre o atendimento no extremo de idade. Outrora considerada até contraindicação para internação em terapia intensiva, hoje frequentemente temos demanda pelo atendimento de pacientes acima dos 90 anos de idade.

Objetivos

Avaliar as internações clínicas não programadas de pacientes na décima década de vida em uma UTI privada a fim de se detectar desfechos de mortalidade hospitalar, mortalidade após a alta e qualidade de vida tardia através da avaliação subjetiva de familiares e de independência para atividades diárias através da medida do Índice de Katz.

Delineamento e Métodos

Estudo observacional transversal. Pesquisadas no banco de dados da UTI todas as admissões entre 01/17 e 06/19 e selecionadas as dos pacientes com mais de 90 anos na data da admissão. Revisados os prontuários eletrônicos (TASY) destes para registro do desfecho de mortalidade hospitalar e resgate da pontuação do SAPS3 da admissão. Calculada a mortalidade esperada da amostra de pacientes e comparada com a mortalidade hospitalar real. Posteriormente feito contato telefônico com os que tiveram alta hospitalar para registro do desfecho de sobrevida após a alta e para aplicação de questionário para avaliaçao subjetiva de qualidade de vida e para avaliação objetiva através do Índice de Katz.

Resultados

41 internações (22 mulheres) entre 90 e 99 anos (média de 93).
12 óbitos hospitalares (29,7%). Mortalidade esperada pelo SAPS3: 30,96% e 39,73% (adaptado para américa do Sul). Cálculos da mortalidade ajustada: 0,94 e 0,73.
Ocorreram 10 mortes após a alta hospitalar. 19 sobreviventes na data da coleta dos dados (11 mulheres). O seguimento variou de 1 a 18,5 meses (média de 9,3 meses). A percepção de qualidade subjetiva dos familiares foi considerada positiva e variou entre 6 e 10 (média 8,42; mediana 9) e o índice de Katz variou entre 0 e 6 (média 4,15; mediana 5) com dependência acentuada encontrada em 5 pacientes e algum grau de dependência em outros 5. Nove pacientes foram classificados como independentes para atividades diárias.

Conclusões/Considerações finais

Mortalidade hospitalar foi compatível com a prevista pelo SAPS3.
Encontramos nesta população elevada percepção de qualidade de vida pelos familiares após a alta nos pacientes sobreviventes à internação. Este achado foi interpretado como contrastante com as medidas do Índice de Katz em alguns dos casos da amostra, justificando avaliação adicional e prospectiva (já iniciada) nestes pacientes.
Cabe discutir revisão da adequação do SAPS3 para esta faixa etária.

Palavras-chave

Índice de Katz
Décima década
Qualidade de vida
SAPS3

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital SOS Cárdio - Santa Catarina - Brasil

Autores

Fernando Graça Aranha, Rodrigo Carlo Saorin, Paola Nunes Goularte, Bianca Penido Vecchia, Jéssica Santos Pereira, Adriana Ferraz Martins