15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

REAÇÕES DERMATOLÓGICAS RELACIONADAS AO USO DE AMIODARONA.

Fundamentação/Introdução

Em dezembro de 1985, a amiodarona foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de arritmias supraventriculares e ventriculares. Essa droga apresenta eficácia entre 80-100% dos casos e a consequente expansão da prescrição colocou em voga a necessidade de tratamento dos diversos possíveis eventos adversos.

Objetivos

Relatar os efeitos adversos dermatológicos ocasionados pelo uso de Amiodarona.

Delineamento e Métodos

Revisão sistemática dos casos relatados nas plataformas Pubmed e Bireme e nas bases de dados MedLine, Lilacs, SciELO e Web of Science entre 1989 e 2019.

Resultados

Eventos adversos dermatológicos induzidos pela amiodarona afetam aproximadamente 10% dos pacientes, e estão associados com uso prolongado da droga, geralmente por período superior a 12 meses, em dosagem de 200 a 800mg/dia, acompanhados de exposição solar.
Há dois tipos de reações dermatológicas descritas. A primeira e mais comum é a fotossensibilidade, caracterizada por prurido e eritema, afetando aproximadamente 25% dos pacientes, já a segunda reação é denominada “Blue Grey Syndrom”, ou coloração azul acinzentada em área exposta ao sol, afetando apenas 1-3% dos pacientes, com predomínio no sexo masculino.
A fotossensibilidade pode ocorrer após 4 meses de tratamento contínuo e com uma dose mínima cumulativa de 40g da droga. Aparentemente a fotossensibilidade não está relacionada ao tipo de pele, já a hiperpigmentação se desenvolve principalmente em pacientes com o tipo de pele I de Fitzpatrick. Nesses pacientes, o uso prolongado da amiodarona desenvolve uma característica coloração azul acinzentado, localizada principalmente na face, orelhas, corroborando a provável participação da luz ultravioleta na pigmentação.
Acredita-se que a luz ultravioleta induza a amiodarona e seus metabólitos a atacarem as paredes dos vasos sanguíneos e o tecido perivascular. Isso está associado com a vasodilatação local e aumento da difusão da amiodarona e seus metabólitos, resultando no acúmulo crônico nos tecidos.
A pigmentação facial pode persistir por anos, mesmo após descontinuar a medicação, devido a lenta eliminação da amiodarona e seus metabólitos dos tecidos.

Conclusões/Considerações finais

As reações cutâneas desencadeadas pela amiodarona não são graves e a hiperpigmentação muitas vezes não é atribuída ao fármaco devido ao seu surgimento tardio. Portanto, os pacientes em uso de amiodarona necessitam ser informados dos riscos da exposição solar com vistas a prevenção, uma vez que o dano estético pode persistir por anos sem tratamento conhecido.

Palavras-chave

AMIODARONA
PIGMENTAÇÃO
DERMATOLOGIA

Área

Clínica Médica

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

NICOLE REINISCH, PAULO HENRIQUE PACHECO DARIO, PEDRO HENRIQUE ONGARATTO BARAZZETTI, LUCAS THOMÉ CAVALHEIRO, DANIEL ONGARATTO BARAZZETTI