15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Hipogonadismo Hipergonadotrófico Secundário à Hanseníase

Introdução/Fundamentos

Hanseníase é uma doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. De início insidioso e curso lento, a forma Virchowiana pode apresentar tanto envolvimento de pele (“fáscies leonina”, madarose) quanto de outros órgãos (olhos, rins, fígado, baço e testículos). Até 50% dos casos pode apresentar comprometimento testicular, com diminuição das concentrações basais de testosterona plasmáticas, apesar da função hipofisária normal (hipogonadismo hipergonadotrófico). A talidomida, medicação utilizada desde o início do tratamento, pode causar hipogonadismo, porém hipogonadotrófico.

Objetivos

Relatar um caso de Hipogonadismo Hipergonadotrófico secundário à Hanseníase, atendido no serviço de endocrinologia de um Hospital Universitário.

Caso

R. S. A., masculino, 33 anos, vigilante noturno, é encaminhado à endocrinologia devido à ginecomastia. Relata história de aumento das mamas, redução do volume testicular e diminuição da libido nos 2 últimos anos. Ao exame físico, presença de madarose, deformidade nasal (história prévia de perfuração de septo), “fáscies leonina”, ginecomastia bilateral e redução do volume testicular. Diagnóstico de Hanseníase Virchowiana em março de 2014, com baciloscopia positiva à biópsia de lóbulo da orelha e cotovelos. Realizou tratamento com rifampicina, dapsona e clofazimina por 6 meses e, após, manutenção com talidomida em dias alternados - uso atual. Nega outras comorbidades, trauma testicular e uso de outras medicações, anabolizantes, drogas ou álcool. À ultrassonografia (USG) de bolsa escrotal, testículos com volumes de 3 cm³ à direita e 4 cm³ à esquerda. Confirmada ginecomastia à USG. Exames laboratoriais: Estradiol 35,91 pg/mL; Hormônio Folículo Estimulante 29,21 UI/L; Hormônio Luteinizante 9,43 UI/L; Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais - SHBG 43 nmol/L; Testosterona 169,5 ng/dL; Testosterona Livre 89,81 ng/dL; Prolactina 7,68 ng/mL; Hormônio Estimulante da Tireoide 2,23 μUI/mL. Testosterona livre calculada 2,7 ng/dL. Cariótipo 46 XY.

Conclusões/Considerações finais

A hanseníase segue um problema de saúde pública no Brasil, que figura como o segundo país com maior taxa de incidência do mundo. Em pacientes acometidos pela doença, devem-se considerar as alterações endócrinas na avaliação inicial, principalmente no sexo masculino.

Palavras-chave

Hanseníase; Hipogonadismo hipergonadotrófico; Ginecomastia.

Área

Clínica Médica

Autores

Érica Menegotto, Suelen Menegotto, Bruna da Silva Réus, Marinara Dagostin da Silva, Karine Pilletti, Emerson Leonildo Marques