15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

PARACOCCIDIOIDOMICOSE: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DISFAGIA PROGRESSIVA

Introdução/Fundamentos

Disfagia progressiva associada à perda de peso em idosos está relacionada com câncer gastrointestinal. A paracoccidioidomicose (PCM), infecção granulomatosa sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, apresenta-se como diagnóstico diferencial por acometer trato digestivo superior e ter alta prevalência em regiões rurais da América Latina.

Objetivos

Apresentar a PCM como um diagnóstico diferencial de disfagia progressiva na América Latina.

Caso

Paciente feminina, 53, com disfagia progressiva há 5 anos associada à perda de peso de 20 quilos. Encaminhada da atenção primária após raio-X revelar estreitamento compatível com estenose parcial/subestenose em esôfago distal. Endoscopia digestiva alta (EDA) com estenose parcial e lesão ulcerada infiltrativa de 4 centímetros em esôfago distal, compatível com achados de neoplasia, encaminhado para exame anatomopatológico. Tomografia computadorizada com lesão infiltrativa esofágica distal, linfadenopatias múltiplas no hilo hepático, discreto aumento unilateral da glândula adrenal esquerda e opacidade em vidro fosco na base pulmonar esquerda. Após alta, aguardou resultados enquanto encaminhada ao seguimento ambulatorial. Pelo agravamento dos sintomas iniciais e intolerância à ingesta oral, foi admitida no pronto-socorro. Anatomopatológico em nova EDA revelou infecção por PCM e nenhuma evidência de neoplasia. História de esplenectomia pós-trauma há 16 anos; trabalho em área agrícola da infância até os 18 anos e tabagista de 17 maços/ano. Por ser pouco tolerante a esquema inicial com itraconazol oral, feito tratamento hospitalar com sulfametoxazol-trimetoprim (SMX-TMP) intravenoso com dilatação endoscópica e alimentação nasoentérica. Após ganho de peso e melhora parcial da disfagia, teve alta com esquema combinado de itraconazol e SMX-TMP orais por 12 meses e monoterapia com SMX-TMP por mais 12 meses. Fez múltiplas sessões de dilatação endoscópica por complicações de piora da estenose. Feita jejunostomia e inserção de prótese esofágica por fluoroscopia, melhora temporária, mas posteriormente sem sucesso. Recentemente, submetida à esofagectomia com anastomose gastroesofágica, acompanhada pelo Departamento de Infectologia e Gastroenterologia.

Conclusões/Considerações finais

Lesões esofágicas são apresentação rara da infecção por PCM; deve, todavia, ser considerada no diagnóstico diferencial de disfagia progressiva, especialmente na América Latina e áreas rurais no Brasil.

Palavras-chave

Paracoccidioidomicose; estenose esofágica; diagnóstico diferencial; neoplasias gástricas.

Área

Clínica Médica

Autores

Anna Paula Bueno Haurani, Ana Luisa Garcia Giamberardino, Caio Sousa Cortes, Laís Vieira Nascimento, Maurício Carvalho, Lucas Gortz