15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

ENCEFALOMIELITE DIFUSA AGUDA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO

Introdução/Fundamentos

Doença autoimune, desmielinizante e monofásica, a encefalomielite difusa aguda (ADEM) é entidade rara com apresentação clínica variada. A suspeição precoce desta patologia é fundamental para instituição terapêutica que reflete diretamente na sua morbimortalidade.

Objetivos

Relatar um caso de doença com apresentação clínica, radiológica e laboratorial inespecíficas.

Caso

Mulher, 31 anos, é trazida por amaurose, confusão mental, triparesia, anisocoria e disestesia difusa. Associadas às queixas, apresentava intensa sudorese e labilidade pressórica. Laboratoriais e culturais normais com sorologias negativas e análise de líquor normal. Tomografia de crânio identifica hipodensidade simétrica no centro semioval e substância branca subcortical parieto-occipital, inespecífica. Avaliação com ressonância magnética (RMN) de crânio/medula identifica lesões ovaladas na substância branca, com hipersinal em T2/Flair, intensos na porção central com realce anelar e restrição à difusão periférica. O diagnóstico de ADEM foi aventado e manejo com corticoterapia em pulso, seguido de imunoglobulina humana foi instituído, com manutenção de corticoide oral prolongado. RMN feitas em 3 e 6 meses após o início do quadro revelam redução gradual das lesões e significativa melhora clínica.

Conclusões/Considerações finais

A ADEM é mais frequente em crianças e é diagnóstico diferencial de doenças como a esclerose múltipla (EM) e a neuromielite óptica. Sua associação temporal com processos infecciosos ou vacinação pode auxiliar o diagnóstico. A apresentação clínica inicial é variada, costuma ser inespecífica (febre/mal estar) ou com sintomas motores e sensitivos. O diagnóstico depende de achados de desmielinização da substância branca, com seguimento temporal necessário para diferenciação da EM. A avaliação laboratorial, sorológica e liquórica são essenciais para exclusão de diagnósticos mais prevalentes. O tratamento não é consenso, mas a tendência atual é manejo com altas doses de metilprednisolona, tendo a imunoglobulina humana, plasmaférese ou ciclofosfamida como terapias alternativas. O prognóstico é variável, sendo associado ao fator causal e a velocidade da instituição terapêutica. Diante do exposto, o diagnóstico de ADEM pode ser desafiador, dado o quadro clínico inespecífico e a baixa especificidade dos exames complementares. Por isso, doenças desmielinizantes devem ser consideradas na avaliação inicial de quadros neurológicos agudos visto o crescente número de imunizações disponíveis e do crescimento populacional.

Palavras-chave

encefalomielite; doença desmielinizante; ADEM

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Nossa Senhora da Conceição - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Caroline Thais Machry Finger, Bernardo Pizarro Magalhães, Jean Paulo Veronese Souza, Vander José Dall'Aqua Rosa, Eduardo Oliveira Fernandes