15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

“Esôfago negro”: uma rara complicação da cetoacidose diabética

Introdução/Fundamentos

Necrose esofágica aguda (NEA) ou “esôfago negro” é uma situação clínica rara e severa, de etiologia controversa, porém, geralmente decorrente de um insulto isquêmico que dá à mucosa esofágica um aspecto negro na endoscopia digestiva alta (EDA). Sua relevância científica e clínica se baseia na alta taxa de mortalidade, associada à escassez de relatos na literatura sobre a ocorrência dessa desordem.

Objetivos

Apresentar um caso clínico de NEA em paciente com quadro de descompensação metabólica aguda por cetoacidose diabética.

Caso

Mulher de 66 anos com história de diabetes mellitus em uso irregular de insulina, hipertensão arterial e dislipidemia. Deu entrada no hospital com quadro de agitação psicomotora e confusão mental. Ao exame, estava não cooperativa e taquipneica. Hemodinamicamente estável, entretanto com alterações expressivas em exames complementares: glicemia de 937 mg/dL, pH de 7,1, bicarbonato de 3,6 mEq/L, glicosúria e cetonúria.
Foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, onde foi submetida à hidratação vigorosa, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e insulinização. Evoluiu com resolução da cetoacidose diabética nas primeiras 24 horas de internação. Todavia, iniciou queixa de epigastralgia em queimação de forte intensidade que a impedia de aceitar a dieta ofertada, ademais os exames laboratoriais de controle demonstraram queda de hemoglobina sem evidência de sangramento ativo.
Solicitada EDA para avaliação dos sintomas apresentados, em que constatou-se esofagite isquêmica acentuada médio-distal (imagem 1). No exame histológico, as amostras esofágicas demonstraram necrose de mucosa e submucosa. Na ocasião, foi iniciado inibidor de bomba de prótons e dieta sem irritantes gástricos.
A paciente recebeu alta após estabilização dos índices hematimétricos, melhora da epigastralgia e controle das glicemias, sendo encaminhada para acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações finais

Apesar dos poucos casos descritos, é importante que a NEA seja um diagnóstico lembrado, frente à elevada frequência dos fatores de risco associados: choque, hipertensão, cetoacidose diabética, alcoolismo, assim como a idade avançada (ARANGO, 2018). Seu diagnóstico faz-se ainda relevante frente à alta mortalidade desta patologia devido suas complicações potencialmente fatais: hemorragia gastrointestinal alta, abdome agudo perfurativo, mediastinite, entre outras (GURVITS, 2010). O tratamento é feito atrás do suporte hemodinâmico e controle dos seus desencadeantes (DAY, 2010).

Palavras-chave

Necrose esofágica aguda; cetoacidose diabética.

Área

Clínica Médica

Autores

Amanda Parente Udo, Marcio Augusto Violento, Emanuela Sinimbu Silva Rossoni