Dados do Trabalho
Título
ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇA CELÍACA E SARCOIDOSE: RELATO DE UM CASO BRASILEIRO
Introdução/Fundamentos
A associação entre a doença celíaca e a sarcoidose já foi observada em alguns países, mas não há nenhum relato de caso descrito em população brasileira. Acredita-se que ambas as doenças compartilhem predisposição genética (human leukocyte antigen - HLA-DR3).
Objetivos
Relatar um caso de associação de ambas as doenças em uma paciente brasileira
Caso
Paciente S.R.E., sexo feminino, 46 anos, natural e procedente de Joinville/SC, avaliada em serviço de Reumatologia em outubro de 2018 com relato de que havia recebido diagnóstico de doença celíaca em janeiro de 2018, tendo evoluído alguns meses após com episódios recorrentes de parotidite, que se resolviam após uso de prednisona 20 mg por 10 dias, além de xerostomia persistente. Nesse momento já havia iniciado a dieta com restrição de glúten, com queda dos níveis de anticorpos anti-transglutaminase tecidual IgA. Não apresentava outras comorbidades e nem história familiar de doenças autoimunes. Ao exame físico entre as crises não apresentava nenhuma alteração. Já trazia ultrassonografia de parótidas mostrando aumento difuso e biópsia de glândula salivar menor evidenciando presença de infiltrado inflamatório contendo granulomas não caseosos associados a ductos atróficos e células gigantes multinucleadas. Nesse momento a hipótese diagnóstica de sarcoidose foi aventada e por isso foram solicitados exames adicionais, cujos resultados corroboraram o diagnóstico: elevação da atividade da enzima conversora de angiotensina (ECA) (113,4U/L – valor de referência: 35 a 90U/L), hipercalciúria (4,7mg/Kg/dia - normal até 4mg/Kg/dia), presença de linfadenomegalia mediastinal em topografia paratraqueal e subcarinal, compatíveis com sarcoidose em estágio I. Cintilografia com gálio não evidenciou captação adicional em órgãos-alvo da doença. Adicionalmente, ecocardiograma transtorácico, a dosagem de IgG4 e espirometria foram normais. Foi optado por ciclo de corticoterapia oral iniciada na dose de 1mg/Kg de prednisona com retirada gradual até suspensão em três meses. Houve completa resolução da xerostomia, sem recorrência de parotidite, além de normalização da calciúria e queda nos níveis de atividade de ECA em junho de 2019.
Conclusões/Considerações finais
Devido ao maior risco de sarcoidose em pacientes com doença celíaca, evidenciado por estudos transversais americanos e europeus, essa associação também deve ser lembrada no manejo de pacientes brasileiros
Palavras-chave
Doença celíaca, sarcoidose, parotidite
Área
Clínica Médica
Autores
Daniela Seifert Santos, Samantha Carla Rodrigues Vieira, Thauana Luiza Oliveira, Giuliano Stefanello Bublitz