15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM MEMBRO SUPERIOR E DERRAME PERICÁRDICO COMO ACHADOS INICIAIS EM PACIENTE PORTADORA DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Introdução/Fundamentos

A trombose de membros superiores representa 2-4% dos casos de trombose venosa profunda, sendo sua forma primária uma condição clínica rara, enquanto que a pericardite, por sua vez, é a forma mais comum do acometimento cardíaco no lúpus eritematoso sistêmico, com uma prevalência em torno de 25%, chegando a 62,1% dos casos submetidos à necropsia. Ambas as condições correlacionam frequentemente com a presença do anticorpo anticardiolipina.

Objetivos

Demonstrar a associação rara entre trombose venosa profunda e pericardite em paciente portadora de lúpus eritematoso sistêmico e suas possíveis relações imunológicas.

Caso

Paciente do sexo feminino, 29 anos, afrodescendente, deu entrada em pronto atendimento com queixa de dor, hiperemia e edema em membro superior direito, há três dias. Realizado ultrassonografia com doppler que verificou trombose extensa no membro. Iniciada anticoagulação plena com enoxaparina. Uma semana após a internação, paciente apresentou dispneia e dor torácica. Levantou-se a hipótese diagnóstica de tromboembolismo pulmonar, não confirmada pela tomografia computadorizada do tórax, exame que por sua vez, diagnosticou coleção pleural posterior esquerda e volumoso derrame pericárdico. Exames laboratoriais identificaram FAN reagente contra o núcleo, padrão pontilhado fino denso (> 1280). Anticardiolipina apresentou valor borderline, anti-SSa reagente, anti-SSb indeterminado, deficiência de proteína S e hipocomplementemia (CH50 diminuído). Ecocardiograma transtorácico determinou presença de derrame pericárdico moderado, envolvendo todo o coração, sem sinais de restrição diastólica do ventrículo direito. Optado por pulsoterapia com metilprednisolona por 5 dias, seguido por uso de prednisona em dose imunossupressora. Paciente apresentou melhora do quadro cardiopulmonar, com redução do volume do derrame pericárdico. Iniciou-se esquema ambulatorial envolvendo prednisona, carbonato de cálcio, suplementação de vitamina D, sulfato de hidroxicloroquina e varfarina. Paciente recebeu alta hospitalar, e atualmente é acompanhada ambulatoriamente.

Conclusões/Considerações finais

O presente estudo relata um caso raro de associação entre trombose venosa profunda e pericardite em paciente portadora de lúpus eritematoso sistêmico, com presença de anticorpos anticardiolipina em valores borderline. É importante sempre lembrar do lúpus eritematoso sistêmico como diagnóstico diferencial em pacientes com TVP e/ou com comprometimento pericárdico, em especial quando presentes em mulheres jovens.

Palavras-chave

TROMBOSE VENOSA, DERRAME PERICÁRDICO, LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Área

Clínica Médica

Autores

Aline Rodrigues Hutter, Fabio Aparecido Hutter, Alexandre Bueno Merlini, Renan Henrique Aparecido Camilo Merlini, Mariana Moura, Leonardo Salin Ide Manna