Dados do Trabalho

Título

Serosite em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) exacerbado durante o período gestacional: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma enfermidade rara, autoimune, inflamatória crônica, multissistêmica, de etiologia desconhecida e com manifestações clínicas diversas, possuindo períodos de exacerbações e remissões. Acomete principalmente mulheres jovens em idade fértil. Por atingir diferentes sistemas, o tratamento é individualizado para os órgãos acometidos.

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente diagnosticada com LES exacerbado durante a gestação.

Caso

Paciente feminina, 23 anos, iniciou há 5 anos quadro de anasarca, fadiga, dor abdominal de forte intensidade e leves pontadas no peito. Depois de constatado derrame pericárdico com necessidade de pericardiocentese, iniciou-se investigação da causa e diagnosticou-se LES, necessitando de pulsoterapia e ciclofosfamida. Após internamento, foi orientada seguir tratamento ambulatorial com prednisona, cloridrato de ciclobenzaprina e hidroxicloroquina. Após descobrir que estava grávida de 5 semanas, paciente suspendeu todos os medicamentos que estava em uso sem orientação médica, permanecendo toda a gestação com dores abdominais e grande inchaço. Foi necessária cesária devido à presença de mecônio e distócia de progressão. Seis dias após alta, paciente procura atendimento hospitalar devido à drenagem espontânea de grande quantidade de secreção seropurulenta pela ferida operatória, sem odor, bem como grande distensão e dor abdominal. Fator Antinuclear (FAN) se demonstrou reagente até diluição 1/80. Foi constatado derrame pericárdico de grande quantidade, pequena quantidade de líquido abdominal e linfonodomegalias retroperitoniais. Como conduta, foi realizado pulsoterapia, ivermectina e albendazol por 3 dias. A ecocardiografia realizada demonstrou espessura preservada, derrame pericárdico importante, sendo classificado como “swingig heart”, bem como não haviam sinais de restrição ao enchimento ventricular. Devido à serosite e sinais de hemólise, foi indicada pericardiocentese com retirada de líquido amarelo citrino.

Conclusões/Considerações finais

O tratamento de primeira escolha para LES é a hidroxicloroquina, e se não houver resposta satisfatória, introduz-se a prednisona. Ambos os medicamentos são seguros e possuem recomendação de continuidade ao longo do período gestacional, mesmo com a possibilidade de remissão da doença. Entretanto, a paciente em questão suspendeu o tratamento com 5 semanas de idade gestacional, o que resultou na exacerbação da doença, cuja principal manifestação foi a serosite lúpica.

Palavras-chave

Lúpus; Exacerbação; Serosite; Gestação.

Área

Clínica Médica