15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Relato de Caso: Gastrite flegmonosa, um desafio diagnóstico

Introdução/Fundamentos

A Gastrite Flegmonosa (GF) é uma condição rara, na maioria dos casos fatal, caracterizada por um processo infeccioso na parede gástrica. O diagnóstico precoce, realizado através da endoscopia digestiva alta (EDA), e o tratamento com antibioticoterapia associado ou não a ressecção cirúrgica são cruciais para redução da mortalidade.

Objetivos

Discutir um caso típico de GF, enfatizando aspectos clínicos, a importância do diagnóstico precoce e terapêutica.

Caso

N.A.F. sexo feminino, 34 anos, procurou atendimento médico na emergência relatando epigastralgia há três semanas, de moderada intensidade, com piora após alimentação, associado a náuseas e vômitos pós prandiais, febre, inapetência, diarreia com restos alimentares, sem muco, pus ou sangue e perda ponderal de 7 Kg. Na admissão, apresentava-se desidratada 2+/4+, febril e com dor a palpação de epigástrio, porém sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais: Hb 11,1, Ht 53%, leucócitos 17.550, segmentados 72%, bastões 3%, plaquetas 156.000, ureia 102, creatinina 2 e PCR 23,45. Foi realizada EDA com saída de pus da parede gástrica na tentativa de biópsia, sendo diagnosticada com GF. Devido gravidade da patologia, foi internada para suporte clínico e antibioticoterapia venosa (Imipenem). Após 10 dias do tratamento inicial, não houve melhora clínica, sendo associado Vancomicina ao esquema antimicrobiano. O caso foi discutido com equipe de cirurgia geral, em decorrência da falha terapêutica, que contra-indicou procedimento cirúrgico no momento, devido baixo aporte nutricional da paciente e risco de óbito no período intra e pós operatório. Durante a internação, foram instaladas nutrição enteral (via oral e por sonda nasoenteral) e parenteral, obtendo boa resposta. O procedimento cirúrgico (gastrectomia total com reconstrução em Y de Roux) foi realizado sem complicações e paciente encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para estabilização, sendo necessário uso de aminas vasoativas devido hipotensão arterial refratária a solução salina. No quinto dia pós operatório evoluiu com alta da UTI, sendo admitida na enfermaria de gastroenterologia para seguimento. Durante internação não foram registradas intercorrências e paciente recebeu alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações finais

Esta paciente apresentava uma patologia potencialmente fatal e rara, entretanto, com o diagnóstico precoce e tratamento otimizado houve excelente resposta clínica e sucesso terapêutico.

Palavras-chave

Gastrite Flegmatosa, epigastralgia, antibioticoterapia, Endoscopia

Área

Clínica Médica

Autores

Anna Paula Mendanha da Silva Aureliano, Ronan Reginatto, Bárbara Cristina dos Santos Ribeiro Leite, Mariana Abrantes de Pina Afonso, Brunna Polari Leitao