Dados do Trabalho
Título
O constante desafio diagnóstico das doenças infecciosas: Relato de Caso.
Introdução/Fundamentos
A sífilis é uma afecção muito prevalente em nosso país, mesmo dotada de manifestações clássicas e amplamente reconhecidas. É preciso admitir seu potencial fenotípico multifacetário, podendo se designar de maneira semelhante a uma infinidade de outras doenças.
Objetivos
Apresentar a diversidade de manifestações clínicas da sífilis e discutir sua dificuldade diagnóstica.
Caso
E.V.N.G., 28 anos, masculino, branco, previamente hígido, queixando-se há 1 mês de poliartralgia periférica e axial, sem edema ou rigidez articular, com melhora ao uso de anti-inflamatórios. Refere rash cutâneo no início do quadro, negando febre e emagrecimento. Ao exame, dor a mobilização articular, sem lesões cutâneas ou linfonodomegalias. Considerando o estado epidêmico da infecção por Chikungunya na região, foram solicitados exames laboratoriais – incluindo sorologias – e prescritos anti-inflamatório e corticoide de depósito. Após duas semanas, apresentou melhora parcial das manifestações articulares, entretanto evolui com escotomas e turvação visual bilateral, predominantemente à direita. No laboratório, VHS (10) e PCR (18,4) elevados, transaminases elevadas e FAN 1/320 padrão nuclear pontilhado fino denso. O paciente foi encaminhado à oftalmologia, sendo solicitados novas sorologias e marcadores de autoimunidade. O exame oftalmológico demonstrou hiperemia bilateral de disco óptico associada à discreto edema, mais significativos à direita. Iniciada predinisona 40 mg/dia e requisitados Ressonância Magnética de crânio e campimetria, ambos sem alterações, e angiografia fluoresceínica, que confirmou neurite óptica. Retorna ao ambulatório de reumatologia apresentando sorologia para Chikungunya IgM 0,9 indeterminado e IgG negativo e VDRL 1/32; demais sorologias e marcadores de autoimunidade negativos. O paciente foi internado, sendo coletada amostra de líquor e iniciada antibioticoterapia com penicilina G cristalina. O estudo do líquor demonstrou 17 leucócitos, FTA-ABS IgG e ELISA IgG para sífilis positivos. Após o desmame do corticoide, em dois meses de evolução, houve remissão completa do quadro, sem sequelas articulares ou visuais.
Conclusões/Considerações finais
O caso relatado retrata um dilema clínico, evidenciando a importância de manter aberto o leque de possibilidades durante todo o estudo diagnóstico. A sífilis é famosa por ser “uma imitadora de doenças” e, por isso, com frequência nos compele a reservar à ela espaço cativo na nossa lista de diagnósticos diferenciais.
Palavras-chave
Sífilis; DST; Diagnóstico; Manifestações.
Área
Clínica Médica
Autores
Ingrid Carvalho Andrade, Flávio Ribeiro Pereira, Jannine Farias Bellini Leite, Nádia Christina Maia Moreira, Natália Miranda Gava