15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

COMPLICAÇÃO DE UM HEMATOMA DE AORTA: ISQUEMIA MEDULAR RESULTANDO EM PARAPLEGIA

Introdução/Fundamentos

O quadro clínico da paraplegia aguda é comumente relacionado ao trauma e compressão medular. A complicação vascular de um hematoma da aorta pode resultar em paraplegia aguda. É uma situação clínica pouco frequente e que necessita maior conhecimento do clínico geral. Há uma estratégia terapêutica possível de influenciar positivamente o prognóstico da isquemia medular nesses casos, mas que depende de rapidez no diagnóstico.

Objetivos

Discutir a paraplegia aguda como complicação vascular de um hematoma da aorta, assim como compreender a utilização da drenagem liquórica como um possível tratamento.

Caso

Paciente do sexo masculino, 62 anos, chega na emergência com história de dor abdominal irradiada para o dorso, com perda de força dos membros inferiores. A angiotomografia arterial do tórax evidencia hematoma intramural aórtico com extensão até a artéria mesentérica inferior, preservando a perfusão renal. Foi estabelecido diagnóstico de isquemia medular por obstrução da artéria espinhal anterior (a. Adamkiewicz). Foi realizado RNM da coluna dorsal com lesão isquêmica medular em T5 e T6. O prazo para drenagem liquórica foi ultrapassado no caso relatado.

Conclusões/Considerações finais

A drenagem do LCR é realizada preventivamente em cirurgias de aorta torácica e toracoabdominal, com o objetivo de melhorar a perfusão medular. Ela parece ser eficaz em isquemia da medula espinhal na cirurgia torácica da aorta descendente por meio da redução da pressão do canal medular e melhora da perfusão medular. Infelizmente, esta intervenção não foi avaliada para síndrome aórtica aguda de forma sistemática. Estudos que não demonstraram melhora com a drenagem liquórica podem ter seu resultado atribuído ao fato de a abordagem ter sido tardia. Os pacientes submetidos a cirurgia torácica/abdominal de aneurisma, sem a drenagem liquórica, mantiveram até 20% de risco de lesão na medula espinal enquanto com a drenagem, os riscos eram de 2,3%. Os estudos de Lioupis e do Bajwa encontraram resultados semelhantes. Na isquemia da medula espinhal por hematoma intramural aórtico agudo, a drenagem liquórica é uma estratégia terapêutica promissora que requer mais estudos. Se houver suspeita de isquemia medular, a consideração de realizar drenagem do líquido cefalorraquidiano só terá eficácia na prevenção do déficit neurológico se for realizada rapidamente. Mesmo existindo carência de dados para embasar essa prática, tal situação só será revertida com o progressivo acúmulo de dados sobre o procedimento.

Palavras-chave

Hematoma de aorta, Isquemia Medular, Paraplegia, Trombose da Artéria de Adamkiewicz

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Carolina Schneider, Eliza Noêmia Alves Koch, Antônio Manoel Borba Junior