Dados do Trabalho
Título
Discordância entre clínica e diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral
Introdução/Fundamentos
Em entrada de serviço de saúde com queixas neurológicas súbitas, a primeira hipótese diagnóstica é Acidente Vascular Cerebral (AVC). Assim, exames confirmatórios são realizados para contribuir com o diagnóstico. Nos casos em que não são evidenciadas alterações ou não condizerem com as manifestações clínica, ainda não pode ser excluída a hipótese. No quadro isquêmico, sinais de hipodensidade são majoritariamente tardios. E caso detecte área comprometida que não seja compatível com a clínica, devemos considerar a hipótese de acometimentos em outros territórios vasculares simultâneos.
Objetivos
Relatar que pacientes com múltiplos AVCs podem apresentar diagnóstico e exame discrepante da clínica e, consequentemente, acabam recebendo tratamento inadequado.
Caso
Paciente com quadro de tontura, vômitos e marcha atáxica. Procurou UPA, recebeu alta no mesmo dia com Tomografia Axial Computadorizada (TAC) normal e exame físico incompatível com AVC. Deu entrada em hospital 3 dias depois, com parestesia bilateral em membros inferiores, desvio de rima labial esquerda, hipotonia esquerda, nistagmo horizontal, Glasgow 14. Laudo de TAC com hipodensidade corticosubcortical do hemisfério cerebelar esquerdo compatível com evento isquêmico subagudo. Entretanto, na avaliação da neurologia clínica, o exame neurológico foi incompatível com o laudo. Continuou-se cogitando a hipótese de AVC. Para investigar a predisposição a múltiplos eventos foi solicitado novo TAC e ecocardiograma. Observou-se hipodensidade corticosubcortical parietotemporal direita, referente a outra lesão. No ecocardiograma foi constatado dupla lesão valvar aórtica com estenose e refluxo importante, justificando os múltiplos eventos de origem cardioembólica. Após 8 dias internado, paciente recebe alta, acamado e com déficit motor.
Conclusões/Considerações finais
Pacientes com predisposição a múltiplos AVCs podem apresentar diagnóstico e exame que não condiz com a clínica e acabarem por receber tratamento inadequado. Cabe ao médico, sempre considerar essa possibilidade para o manejo correto. No atendimento emergencial, além de focarmos na detecção precoce e diagnóstico, também devemos dar importância na etiologia dos episódios, visto possibilidade de pacientes predispostos a múltiplos eventos. A ocorrência de um segundo episódio é independente do primeiro e, consequentemente, seu prognóstico e evolução clínica também serão, devendo ser realizada abertura de novo protocolo.
Palavras-chave
Acidente Vascular Cerebral, AVC, Diagnóstico Diferencial
Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade Positivo - Paraná - Brasil
Autores
Ricardo Gomes de Oliveira Brugnari, Clarissa Regina Bona Josefi, Fernanda Biasi da Cunha, Rodolfo Belz Antoniazzi