15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Miocardiopatia Não Compactada: Relato de Caso do Manejo em uma Gestante

Introdução/Fundamentos

A Miocardiopatia Não Compactada (MNC) apresenta miocárdio heterogêneo caracterizado por trabéculas proeminentes, recessos intra-trabeculares e miocárdio do ventrículo esquerdo com duas camadas distintas: compactado e não compactado (1). Associa-se com infarto agudo do miocárdio, arritmias, eventos tromboembólicos e morte súbita cardíaca (1). Graças ao avanço da tecnologia, o diagnóstico e prognóstico dessa condição vem aumentando, possibilitando mulheres gestarem (1).

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente com MNC grave e sua gestação.

Caso

Nuligesta de 21 anos com diagnóstico de MNC aos 20 anos durante episódio de AVE isquêmico cardioembólico e história familiar negativa para cardiopatias. Apresentava dispneia classe funcional NYHA II desde os 14 anos. Cardiopatia detectada em ECOTT e ECG aos 17 anos não especificada e sem uso de medicações.
No momento do diagnóstico apresentava ECOTT com VE de dimensão normal, disfunção sistólica moderada com FEVE = 39% e disfunção diastólica grau III, átrio esquerdo e câmaras direitas aumentados, disfunção sistólica de VD, hipertensão pulmonar (PSAP = 65 mmHg) e aumento das trabeculações de toda região apical dos segmentos médios das paredes inferior e lateral. Diagnóstico confirmado por RNM cardíaca que apresentava áreas de não compactação nas porções apical e lateral do VE e ausência de fibrose cardíaca.
Iniciado tratamento com Warfarina 2,5 mg/dia, Metoprolol 50 mg/dia, Enalapril 5 mg/dia e Desogestrel 75 mcg/dia. Em retorno ambulatorial para otimização terapêutica, apresentava classe funcional NYHA I.
Cinco meses depois, iniciou pré-natal de alto risco com troca de esquema terapêutico: Warfarina por Enoxaparina 80 mg/dia, mantido Metoprolol 50 mg/dia, suspenso Enalapril e iniciado Hidralazina 150 mg/dia e Furosemida 40 mg/dia. Apesar do tratamento, feito novo ECOTT com FEVE = 32% e PSAP = 84 mmHg. Queixava-se de palpitações e dispneia classe funcional NYHA II durante o pré-natal. Plano de interrupção da gestação com 28 semanas.

Conclusões/Considerações finais

Durante a gestação ocorrem modificações hemodinâmicas fisiológicas como aumento do volume sanguíneo circulante e estado de hipercoagulabilidade, o que tende a agravar doenças cardíacas (2). Por essa razão, gestações com alto risco cardíaco demandam um acompanhamento rigoroso (2). Além disso, muitas classes medicamentosas precisam ser trocadas, dificultando o manejo terapêutico da MNC. O uso de anticoagulação em casos de MCN ainda não é bem estabelecido (1), porém foi utilizado pelo seu histórico pregresso.

Palavras-chave

Miocardiopatia não compactada; gestação; dispneia.

Área

Clínica Médica

Autores

Mariana de Moura de Souza, Larissa Molinari Madlum, Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho