15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Doença de Crohn e infestação parasitária intestinal – Relato de caso

Introdução/Fundamentos

Infecções parasitárias do trato gastrointestinal são condições diretamente associadas ao acesso à saúde e condição de saneamento básico e higiene, com alta prevalência em países subdesenvolvidos. As doenças inflamatórias intestinais (DII) representam um grupo de afecções intestinais inflamatórias crônicas idiopáticas. O diagnóstico diferencial é extremamente importante para pacientes com DII e parasitoses, especialmente em região com alta prevalência desta, uma vez que a similaridade nos sintomas dessas duas entidades pode complicar o diagnóstico precoce.

Objetivos

Relacionar DII com parasitoses, como diagnósticos diferenciais;

Caso

Paciente masculino, 34 anos, agricultor, relatava há 10 anos quadro diarreico, eventualmente hematoquezia. Em outubro/2016, foi internado devido a piora dos sintomas, associado a dor abdominal de forte intensidade. EPF com Strongyloides stercoralis. Realizado tomografia computadorizada de abdome que identificou espessamento parietal e realce mucoso no íleo associado a distensão difusa de alças de delgado, assim como à colonoscopia que revelava ulcerações medindo 0,3 a 0,4cm em íleo terminal e válvula ileocecal. Às biópsias presença de infiltrado inflamatório misto com exsulcerações, sem granulomas e sem agentes infecciosos. Tratado com corticoterapia e Mesalazina 1,2g/dia.
Em fevereiro/2017, foi avaliado no ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal, com queixa de dor abdominal, associado a mucorreia. Foi mantida corticoterapia e feito tratamento da estrongiloidíase. Entre março e dezembro/2017, mantinha parasitose intestinal com sucessivos retratamentos. Apresentava boas condições de higiene, acesso a água encanada e esgoto sanitário. Em dezembro/2017 mantinha sintomas intestinais, trouxe EPF/MIF de controle negativo e Calprotectina fecal de 509 mcg/g. Optado por manter em seguimento clínico rigoroso, considerando-se a possibilidade de hiperinfestação parasitária em paciente em uso de imunossupressor. Em janeiro/2018 mantinha sinais de progressão de atividade endoscópica. Em abril/2019 realizada reavaliação endoscópica, que evidenciava ainda sinais de doença em atividade. Após biópsias negativas para processos infectoparasitários, paciente foi submetido a terapia biológica com anti-TNF.

Conclusões/Considerações finais

A infestação parasitária é uma problemática para o diagnóstico diferencial com outras afecções intestinais como a DII. Se faz necessário uma investigação efetiva em todo quadro clínico de diarreia sem descartar a possibilidade de associações.

Palavras-chave

Enteropatias parasitárias, doenças autoimunes, doença inflamatória intestinal, parasitoses, imunossupressão

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Estadual Dr Dorio Silva - Espírito Santo - Brasil

Autores

Evelyn Gaspar Rocha de Moraes, Henrique Lorenzoni Turini, Marília Majeski Colombo, Natália Josiele Cerqueira Checon, Débora Caldeira Espíndula, Raissa Schuab Oliveira Lopes