15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Esôfago negro e pneumonite de hipersensibilidade: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

Esôfago negro é a presença de pigmentação negra difusa no esôfago, diagnosticado por EDA, que acompanha necrose da mucosa esofágica, na ausência de ingesta de cáusticos ou corrosivos. É uma entidade muito rara, embora alguns acreditem que seja subdiagnosticada. Geralmente ocorre em adultos com comorbidades, principalmente câncer, insuficiência renal, doença coronariana, vascular periférica, diabetes, alcoolismo, cirrose e infecções, como cândida. A outra patologia é a pneumonite de hipersensibilidade, de clínica variável, cuja inflamação no parênquima pulmonar é causada pela inalação de antígenos específicos em indivíduos previamente sensibilizados.

Objetivos

Relatar um caso clínico de esôfago negro e pneumonite de hipersensibilidade.

Caso

MSD, homem, 54 anos, diabético tipo 2 em uso de insulina, tabagista ativo e ex-etilista chega à emergência do hospital devido a episódio de hematêmese com coloração em borra de café e melena. Encontrava-se hipocorado e estável hemodinamicamente. Foi internado e iniciou-se tratamento para hemorragia digestiva alta. EDA solicitada evidenciou necrose superficial completa de toda a luz do terço distal do esôfago, compatível com esôfago negro. Mantendo-se estável, com nova EDA evidenciando melhora e ausência de sangramento, o paciente foi liberado. Retornou outras duas vezes à emergência com quadro semelhante, e na última foi internado. No curso da internação paciente evoluiu com ITU por cândida, cetoacidose diabética, queda da função renal, novos episódios de sangramento com anemia importante e pneumonia com derrame pleural associado. Foi solicitada TC de tórax, que evidenciou infiltrados intersticiais, áreas de “vidro fosco”, espessamento de septos, configurando padrão em mosaico do parênquima pulmonar. Suspeitou-se de pneumonite por hipersensibilidade. Quando questionado, referiu exposição intra domicílio à pássaros. Iniciou-se hidrocortisona 100mg IV 8/8h. Paciente evoluiu com melhora.

Conclusões/Considerações finais

Como etiologia para a necrose esofágica, são descritos: isquemia, traumatismo por sonda nasogástrica, antibióticos, hiperglicemia, estase gástrica, vômitos incoercíveis e infecções. Geralmente o prognóstico é desfavorável, com mortalidade estimada em cerca de 1/3 dos doentes. Em relação à pneumonite de hipersensibilidade, esta tende a ter lesões reversíveis nos casos agudos, e seu tratamento é feito com uso de corticoides e suspensão da exposição. Não foi encontrada na literatura correlação clínica entre as duas patologias descritas no caso.

Palavras-chave

Esôfago negro; necrose esofágica; pneumonite de hipersensibilidade

Área

Clínica Médica

Instituições

UNISUL Campus Pedra Branca - Santa Catarina - Brasil

Autores

Dhara Giovanna Santin de Souza, Gustavo Nogueira Schincariol Vicente, Amábile Lúcia Fedrizzi, Tiago Spiazzi Bottega, Marcele Gnata Vier