15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

NEFRITE COMO ÚNICA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, inflamatória crônica e multissistêmica. Uma de suas mais frequentes e graves manifestações é o comprometimento renal, podendo determinar alterações tubulares, intersticiais, vasculares e glomerulares. O reconhecimento precoce da doença renal e o monitoramento cuidadoso do progresso após o tratamento são imprescindíveis. Marcadores sorológicos convencionais e parâmetros clínicos renais para nefrite lúpica ativa não são sensíveis ou específicos o suficiente, sendo a magnitude da proteinúria e a alteração do sedimento urinário os principais indicadores da doença.

Objetivos

Relatar um caso de LES tendo como única manifestação clínica a síndrome nefrótica.

Caso

Paciente feminina, 29 anos, é encaminhada de um serviço hospitalar ao nefrologista para avaliação de síndrome nefrótica. Estava internada para desintoxicação de abuso de cocaína. Chega ao ambulatório referindo anasarca e astenia. Estava em uso de diazepam, anlodipino, enalapril 40mg/dia, quetiapina, omeprazol, haldol, topiramato, carbolítio e puran T4. Além do uso de cocaína refere ser ex-tabagista, etilista social e sedentária. Ao exame físico, pressão arterial 110x70mmHg, frequência cardíaca 80bpm, peso 118kg sem outras alterações. Traz exames laboratoriais demonstrando proteinúria nefrótica (> 5g/L) no exame simples de urina, creatinina 1,1mg/dL, VHS 95mm e sorologias negativas para hepatite B e C, HIV e sífilis. Foi iniciada investigação de síndrome nefrótica. Paciente retorna com creatinina 0,67mg/dL, proteinúria de 24h com 14g, volume 2750mL, clearence 96 ml/min/1,73m². Marcadores de FAN, FR, PLA2, B2 glicoproteína-1 IgM e IgG, anti-DNA, anti-RO, anti-coagulante lúpico, anticardiolipina IgM e IgG negativos. Biópsia renal demonstrou histologia e imunofluorescência direta sugestiva de nefrite lúpica, na forma hipercelularidade mesangial (classe II). A presença de frequentes eosinófilos intersticiais pode estar relacionada com uso de medicamentos.

Conclusões/Considerações finais

A suspeita clínica precoce do acometimento renal nesta síndrome, de prevalência relevante no Brasil, é de extrema importância para uma abordagem apropriada e para melhor qualidade de vida do paciente.

Palavras-chave

Nefrite, lúpus eritematoso sistêmico, glomerulopatia, síndrome nefrótica.

Área

Clínica Médica

Autores

Flavia Simonato, Guilherme Ferreira Zonta, Luana Mary Pietreski Silva, Maria Luiza Lago Dall’Agnol, Lincoln Ferreira Correa