15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Dressler desencadeada por isquemia miocárdica silenciosa – Um relato de caso.

Introdução/Fundamentos

Síndrome de Dressler, pericardite e infarto agudo do miocárdio.

Objetivos

Pericardite é inflamação do pericárdio geralmente benigna e autolimitada, tendo como principal etiologia vírus ou patologias sistêmicas não infecciosas, sendo raramente vista após infarto agudo do miocárdio (IAM), quadro conhecido como Síndrome de Dressler (SD).

Caso

Este trabalho apresenta a investigação diagnóstica e as condutas terapêuticas frente a um caso de SD.

Conclusões/Considerações finais

Mulher, 53 anos, hipertensa e diabética, admitida com delirium e febre, negava dispneia, dor retroesternal, eventos tromboembólicos prévios, etilismo ou tabagismo. Ausculta cardíaca com atrito pericárdio, e eletrocardiograma (ECG) com supradesnivelamento do segmento PR na derivação aVR. Ecocardiograma (ECO): ventrículo esquerdo (VE) hipertrófico, com alteração regional de mobilidade parietal, disfunção diastólica e discreto derrame pericárdico sem sinais restritivos ou constritivos. Foi iniciado tratamento com anti-inflamatório não esteroidal (AINE) e colchicina. Cintilografia miocárdica: isquemia em territórios das coronárias descendente anterior, direita e circunflexa, fibroses transmurais, alterações de mobilidade segmentar do VE e FEVE 46%. Cateterismo cardíaco: lesão obstrutiva severa de 90% na origem do 2º ramo diagonal; feita a angioplastia da lesão. Nesse contexto, derrame pericárdico associado à lesão isquêmica nos fez conduzir o caso como SD, mantendo tratamento com AAS, colchicina, e associando clopidogrel. A paciente evoluiu com desaparecimento do atrito e alta hospitalar.

Palavras-chave

A SD se caracteriza por inflamação pericárdica devido à hiperreação imunológica contra antígenos miocárdicos liberados em áreas isquêmicas, causando febre baixa, dor pleurítica, atrito pericárdico e elevação de VHS em 24h a 3 semanas após a isquemia. Pode ocorrer em 3-6% dos IAM, entre 2-12 semanas do evento, e raramente traz repercussões clínicas. Sua incidência vem diminuindo devido à qualidade da assistência no atendimento inicial. Por ser patologia inflamatória, responde bem ao AINE associado à colchicina por 15 dias. Em pacientes diabéticos com pericardite aguda, recomenda-se investigar isquemia miocárdica pela possibilidade de SD secundária a quadro atípico de IAM, este assintomático ou manifestado como equivalente anginoso em parcela significativa desta população. No presente caso, o diagnóstico foi aventado após avaliação clínica e ECG, confirmado com ECO e cintilografia, apresentando boa resposta ao tratamento.

Área

Clínica Médica

Autores

Rafael Scarin Borges, Amelia Gontijo Velozo De Melo, Helena Florentina Gomes, Maria Olívia Fagotti Muniz, Thiago Yoshio Oyama