15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Abdome agudo como apresentação inicial da Doença de Crohn em paciente jovem

Introdução/Fundamentos

As manifestações clínicas atípicas da Doença de Crohn (DC) são um desafio na rotina médica. As fístulas geralmente se apresentam como um processo indolente e não como um abdome agudo. A peritonite difusa devido à perfuração do abcesso é uma complicação rara, mas reconhecida. Apesar do tratamento ser clínico, um em cada dois pacientes esperam pelo menos um procedimento cirúrgico por complicações. Evolui em 50% dos casos com risco de ressecção cirúrgica em 10 anos.

Objetivos

Importância do diagnóstico e da abordagem precoce na DC

Caso

Paciente feminino, 28 anos, militar, natural de Guaratinguetá-SP, há 5 anos, apresentava dor abdominal intermitente associada à diarreia.
Em abril de 2017, procurou o pronto-socorro por dor abdominal em cólica, febre e diarreia. Foi submetida à tomografia de abdome, que evidenciou espessamento de cólon esquerdo e à colonoscopia que não mostrou achados significativos.
Após 1 mês, retornou ao pronto-socorro por distensão abdominal, febre, vômitos e parada da eliminação de fezes. Realizou a radiografia de abdome que revelou pneumoperitôneo. Em tomografia de abdome sem contraste, pois a paciente era alérgica, observou-se volumosa coleção hemática desde a pelve até o abdome superior, distensão de delgado com significativo espessamento parietal e densificação dos planos adiposos adjacentes.
Evoluiu com peritonite difusa, perfuração bloqueada de delgado, abscessos intermeados e área com 5 cm de necrose, sendo submetida à laparotomia exploradora.
Após 1 semana, a paciente foi reabordada para drenar um abscesso subdiafragmático à direita.
Em consulta ambulatorial, verificou-se calprotectina fecal de 6.000 mcg/g e a entero-tomografia compatível com atividade da doença inflamatória intestinal, aumento da coleção em fossa ilíaca direita e trajeto fistuloso. Foi estabelecido o tratamento com azatioprina, prednisona e infliximabe.
Após 9 meses do início do tratamento, a paciente apresentou melhora clínica, queda da calprotectina e resolução do trajeto fistuloso sem necessidade cirúrgica.

Conclusões/Considerações finais

Apesar de ser uma doença crônica de causa desconhecida, a DC não é fatal. Não há cura, mas os imunobiológicos prometem a remissão e/ou manutenção desta, modificando a história natural da doença com uma tendência à redução de procedimentos cirúrgicos.

Palavras-chave

Doença de Crohn
Abdome agudo
Imunobiológicos

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP) - São Paulo - Brasil

Autores

Mayara Vieira Batista, Camila Ribeiro Perucchi, João Luiz Rodrigues de Farias