15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Vasculite aguda grave causada por sífilis: um relato de caso

Introdução/Fundamentos


A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, e sua prevalência tem aumentado nos últimos anos devido às alterações no comportamento sexual da população. Uma manifestação histopatológica de sua forma secundária é a vasculite leucocitoclástica (VLC), caracterizada pela necrose de vênulas pós-capilares associada a um infiltrado inflamatório. A incidência da VLC é de 30 para um milhão de pessoas, sendo que doenças sistêmicas representam a maior causa (50,1%), seguido por patologias infecciosas (20%). Em até 30% dos pacientes não há etiologia definida. O principal sinal encontrado é a púrpura, predominante em membros inferiores. Outros sinais incluem urticária, úlceras, pápulas infiltradas purpúreas, livedo reticular e gangrena digital. Manifestações extra-cutâneas podem ser encontradas, sendo a mais comum articular, seguida por renais e digestivas. O diagnóstico é por biópsia, e outros exames auxiliam na busca etiológica. A pesquisa de autoanticorpos também está indicada para diagnóstico diferencial (lúpus eritematoso sistêmico, periarterite nodosa). Sua evolução costuma ser favorável com a resolução da causa base.

Objetivos

Relatar o caso clínico de uma paciente com diagnóstico de vasculite aguda grave por sífilis.

Caso

Paciente feminina, 40 anos, refere aparecimento de manchas nas pernas, face e tronco há 3 dias, com piora progressiva. Relata ainda lesões na região genital, prurido e corrimento vaginal há 3 semanas. Nega uso de ácido acetilsalicílico (AAS). Relata febre por um dia e leve cefaleia. Esposo faleceu há 2 anos, e refere novo parceiro há 8 meses. Ao exame físico, observa-se corrimento vaginal esbranquiçado com grumos, sugestivo de candidíase. Lesões purpúricas difusas nos membros superiores e inferiores e abdome, sem lesões na mucosa oral, palma das mãos e plantas dos pés. Contagem de plaquetas normal. Eosinófilos e monócitos no limite inferior do normal. Sorologia para dengue negativa. FTA-ABS IgG e IgM reagente. VDRL 1:256, indicando sífilis. Biópsia das lesões indicou vasculite aguda do tipo leucocitoclástica, sem necrose tecidual. Tratada com penicilina G benzatina, com boa evolução.

Conclusões/Considerações finais

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível de incidência crescente no Brasil. Embora a VLC causada por sífilis não seja comum, é importante inclui-la nos diagnósticos diferenciais das vasculites, a fim de que o diagnóstico seja firmado precocemente, assim como as medidas terapêuticas.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Autores

Otávio Augusto Scariotto, Ana Flávia Secchi, Rafael Lírio Bortoncello, Ângela Cristina Bortoncello Jarabiza