15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TROMBOSE VENOSA CEREBRAL: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO

Introdução/Fundamentos

A trombose venosa central (TVC) tem amplo espectro de apresentação clínica. Intervenções precoces são determinantes para o prognóstico, que pode variar desde completa recuperação a sequelas neurológicas permanentes.

Objetivos

Descrever um caso de TVC, auxiliando no diagnóstico precoce da doença.

Caso

Feminino, 44 anos. Admitida no pronto socorro (PS) com cervicalgia há 1 dia, náuseas e vômitos, negando febre. História médica atual incluía apenas uso de contraceptivo oral combino, sem vícios ou outras morbidades. Ao exame físico observou-se dor à palpação e contratura de músculos esternocleidomastóideo e trapézio. Diagnóstico inicial foi torcicolo e teve alta com analgesia. No dia seguinte retorna ao PS sem melhora. Ao aguardar exames laboratoriais evoluiu com rebaixamento de consciência, Glasgow 12, diaforese e bradicardia. Com exames normais e rebaixamento sem causa aparente, foi realizada tomografia computadorizada de crânio (TC), com hipótese de acidente vascular encefálico isquêmico. Já em unidade neurocirúrgica necessitou de intubação, apresentando pupilas isomióticas e Escala de Agitação e Sedação de Richmond -5. Arteriografia mostrou trombose venosa cerebral com oclusão de seios sagital superior, transverso, sigmoide direitos e veia anastomótica superior esquerda (Trollard). Conduta imediata foi enoxaparina. Nova TC evidenciou sinais indiretos de trombose, desvio da linha média e transformação hemorrágica. Mesmo após craniectomia, houve piora neurológica com Glasgow 3 e anisocoria.

Conclusões/Considerações finais

A TVC é uma condição rara, com 4 casos/milhão por ano em adultos. É 3 vezes mais frequente no sexo feminino, associada principalmente ao uso de contraceptivo oral combinado. Outros fatores associados incluem gravidez e puerpério, neoplasias, trombofilias, infecções, trauma e doenças autoimunes. Sua investigação permanece difícil, as manifestações clínicas podem ser múltiplas e inespecíficas. Além do exame clínico, TC de crânio, ressonância e arteriografia podem ser solicitados. As manifestações envolvem síndrome de hipertensão intracraniana (HIC), déficits neurológicos focais, crises convulsivas e rebaixamento do nível de consciência, associadas ou isoladas, dependendo da extensão e local do trombo. Intervenções precoces são fundamentais para um bom prognóstico. Os tratamentos incluem manejo da HIC, anticonvulsivantes, anticoagulação com heparina de baixo peso molecular e anticoagulação oral temporária ou permanente. Considera-se a craniectomia descompressiva se pouca resposta neurológica.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Autores

Jamile Polati El-Dine, Giulia Orlandi Teske, Rubia Kaszczesen, Liz Caroline Oliveira Camilo, Leandro José Haas, Bruno Rafael Sabel