15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

FÍSTULA ARTERIOVENOSA PERIMEDULAR, CAUSA TRATÁVEL DE MIELOPATIA, DESAFIO DIAGNÓSTICO

Introdução/Fundamentos

Fístulas arteriovenosas perimedulares são causa rara de mielopatia, porém, tratáveis. O diagnóstico clínico é desafiador, tendo a ressonância magnética (RM) papel fundamental durante investigação inicial, identificando candidatos à angiografia e, aliada à angiorressonância, pode predizer o nível da fístula, reduzindo o tempo angiográfico, assim como a exposição à radiação.

Objetivos

Relatar um caso de fístula arteriovenosa perimedular e demonstrar o papel da RM de coluna aliada à angiorressonância medular no diagnóstico e indicação de tratamento, com impacto na morbidade.

Caso

ACL, masculino, 14 anos, procedente de Três Cachoeiras-Rio Grande do Sul. Encaminhado pelo pediatra a serviço de diagnósticos por imagem em Criciúma, em fevereiro de 2019, para realizar RM de crânio e coluna lombar, investigando clínica de radiculopatia progressiva de membros inferiores e disfunção esfincteriana vesical, com evolução de 3 meses. Na história pregressa, apresentava quadro de meningite em dezembro de 2017, além de coleção hemática no canal vertebral após punção lombar diagnóstica, manejadas em hospital de Porto Alegre, com alta sem sintomas em janeiro de 2018. Ao exame de RM (02/19), não foram observadas alterações no encéfalo, tampouco sequelas da meningite. As imagens da coluna demonstraram mielopatia de T9 ao cone medular, além de flow voids de permeio ao espaço liquórico. Foram realizadas sequências de angiorressonância medular, sendo detectados sinais de fístula arteriovenosa perimedular nutrida pela artéria espinhal anterior, com origem em T9 à esquerda. O paciente foi encaminhado a serviço de neurorradiologia intervencionista em Florianópolis, onde arteriografia medular confirmou a fístula, em seguida submetido a tratamento endovascular com embolização. Houve importante melhora do quadro clínico e de imagem após o tratamento, observando-se resolução da congestão venosa à RM de controle, embora haja área de mielomalácia sequelar.

Conclusões/Considerações finais

O caso demonstra que a RM de coluna é útil na investigação inicial de quadro de mielopatia e, quando aliada à técnica de angiorressonância, auxilia no diagnóstico de fístula arteriovenosa perimedular podendo predizer o nível da fístula, indicando corretamente a angiografia e acelerando o tratamento, com melhora clínica e redução da morbidade. Neste caso de mielopatia reversível, somente um diagnóstico rápido e preciso é capaz de permitir tratamento eficaz com um mínimo de sequelas.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Unidade Radiológica de Criciúma (URC) - Santa Catarina - Brasil, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) - Santa Catarina - Brasil

Autores

Raul Emanoel Silva, Emilli Fraga Ferreira, Joana Eggler Dembogurski, Alessandro Carneiro da Silva, Jorge Luís Wollstein Moritz