Dados do Trabalho
Título
Avaliação do grau de concordância entre observadores da ausculta pulmonar
Fundamentação/Introdução
A ausculta da caixa torácica é uma das semiotécnicas mais antigas, que auxilia no diagnóstico de diversas doenças relacionadas aos sistemas respiratório e cardíaco. A adequada realização dessa técnica, aliada ao conhecimento da fisiopatologia subjacente aos sons pulmonares, possibilita ao examinador maior compreensão dos processos da doença.
Objetivos
Avaliar o grau de concordância dos achados da ausculta pulmonar entre observadores com diferentes níveis de formação e analisar o conhecimento das definições dos sons.
Delineamento e Métodos
Foi realizado um estudo observacional e transversal, onde um professor de pneumologia (padrão áureo), e cinco participantes (um residente de clínica médica e quatro graduandos de medicina) auscultaram pacientes acima de 18 anos, previamente selecionados pelo autor principal do estudo, e internados na emergência e nas enfermarias de Clínica Médica e Cirúrgica, utilizando o mesmo modelo de estetoscópio. Cada avaliador assinalou duas listas, uma com a nomenclatura de alterações pulmonares e outra com as definições teóricas de cada som pulmonar analisado, mas sem a presença de seus respectivos nomes. A concordância entre observadores foi estimada por meio do índice de concordância Kappa.
Resultados
Os observadores auscultaram 50 pacientes, 36% homens e 64% mulheres, com média de idade de 56,6 anos (DP±17,9). Em relação à descrição do som assinalado, três participantes tiveram 100% de acertos, um 96,3% e um 54,2% de acertos. O padrão de ausculta mais comum, tomando-se como base o padrão áureo, foi a ausculta normal (18%) e a presença de estertores grossos (18%). Na combinação binária dos avaliadores, comparando-os com o padrão áureo e entre eles, o maior e o menor percentual foram 32,7% e 12,5%. Para cada som analisado determinou-se maior grau e menor grau de concordância com o padrão áureo, estimado por meio do índice de concordância Kappa, sendo respectivamente: som normal 0,4 e 0,1; roncos 0,3 e 0,0; sibilos 0,4 e 0,1; murmúrio vesicular diminuído 0,3 e -0,1; estertores grossos 0,2 e 0,0; estertores finos 0,4 e 0,1; atrito pleural 0,2 e -0,1; e assimetria 0,4 e 0,0.
Conclusões/Considerações finais
O estudo em questão teve uma concordância da ausculta pulmonar predominantemente baixa. A prática semiológica deve ser uma tarefa contínua, onde novas formas de ensino e novos estudos voltados para essa área são fundamentais para auxiliar na aquisição das habilidades clínicas básicas.
Palavras-chave
Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil
Autores
Maria Lorraine Silva de Rosa, Vinícius Aragão Rocha , Elen Cris Volinger dos Santos, Joseane de Oliveira Alvarez, Kaio Schroeder Mattos, Otomar Zanchett Schneider