15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Tuberculose miliar na uveíte tratada com Adalimumab

Introdução/Fundamentos

A introdução, no final dos anos 90, dos agentes biológicos anti-TNFα (fator de necrose tumoral α) melhorou significativamente a saúde de pacientes com doenças inflamatórias imunomediadas. No entanto, a tuberculose ativa (TB) e a reativação da tuberculose latente (ILTB) constituem complicações comprovadas desses tratamentos. A prevalência exata não é estabelecida, mas estima-se um risco cinco vezes maior do que a de uma população controle. As modificações da resposta de anticorpos induzidos por anti-TNFα aumentam o risco de apresentações atípicas da doença. Portanto, são mandatórios o rastreio e o tratamento da ILTB nos pacientes que farão uso de anti-TNF-α. Ainda assim, há casos em que a ILTB não é detectada, o tratamento não é bem-sucedido ou ocorre nova infecção pelo Mycobacterium tuberculosis.

Objetivos

Apresentar um caso de tuberculose miliar sob tratamento com Adalimumab, exemplificando a associação deste fármaco a patologias significativas.

Caso

Paciente do sexo feminino, 16 anos, estudante, referenciada para avaliar causas reumáticas de uveíte, sem queixas adicionais. A investigação resultou negativa: PPD e raio X de tórax sem alterações; FAN, FR e HLA- B27 ausentes; e foi dado o diagnóstico de uveíte intermediária crônica bilateral idiopática. Devido às recidivas e à corticodependência, optou-se pelo uso do metotrexato. Permaneceu em remissão por 7 meses, quando houve recidiva da uveíte. Iniciado, então, ADA, após novo rastreio para ILTB ser negativo. No 3º mês de uso do ADA, a paciente evoluiu com TB miliar (tomografia computadorizada de tórax evidenciando múltiplas pequenas opacidades em ambos os pulmões, com padrão miliar, espessamento septal e linfadenomegalia perihilar bilateral). Tratada com esquema coxip por 9 meses, procedeu-se à troca do anti-TNFα pela sulfassalazina, e a paciente segue em remissão da doença desde então.

Conclusões/Considerações finais

Em adultos com atividade ocular não-infecciosa, o ADA reduz o risco de recorrência, e em pacientes com uveíte ativa não controlada com prednisona ≥10 mg/dia, o ADA reduz o risco de exacerbação ou perda de acuidade visual. Porém, dado o risco de reativação de ILTB, é crucial rastrear todos os pacientes antes de iniciar um inibidor de TNF-α. A triagem deve incluir a identificação de potenciais fatores de risco: exposição prévia à TB, exame físico, teste tuberculínico (TST) e/ou teste de liberação de interferon-gama (IGRA) e uma radiografia de tórax naqueles com TST ou IGRA positivo ou uma história ou exame físico sugestivo de TB.

Palavras-chave

Tuberculose Miliar; Uveíte; Adalimumab .

Área

Clínica Médica

Autores

kalina ligia alves de araujo, barbara de araujo batista, igor de souza araujo