15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Raio X de tórax com trajeto anômalo de cateter após punção em veia jugular interna esquerda: Persistência de veia cava superior esquerda

Introdução/Fundamentos

A punção venosa profunda é um dos procedimentos mais comuns realizados na prática médica e o conhecimento das intercorrências e das variações anatômicas vasculares é altamente relevante. A persistência da veia cava superior esquerda (VCSE) é a variante mais comum da drenagem venosa sistêmica, ocorre em cerca de 0,5% da população geral, porém pode chegar em 10% nos pacientes com cardiopatias congênitas, sendo resultado da não obliteração da veia cardinal anterior esquerda durante o desenvolvimento embrionário.

Objetivos

Relatar um caso de VCSE persistente e sua abordagem diagnóstica.

Caso

Masculino, 54 anos, internou para cirurgia eletiva de revascularização miocárdica, evoluindo no pós-operatório com oligúria e azotemia, sendo indicada hemodiálise. Foi puncionada a veia jugular interna esquerda (VJIE) para implantação de cateter duplo-lúmen de curta permanência, pois já havia um outro acesso profundo em veia jugular interna direita. A radiografia de tórax (RXT) demonstrou trajeto anômalo, percorrendo verticalmente o lado esquerdo do mediastino. A gasometria coletada pelo cateter confirmou tratar-se de sangue venoso, sendo aventada hipótese de VCSE persistente. Foi realizado infusão de solução salina agitada no cateter em VJIE, simultâneo ao exame de ecocardiograma transtorácico (ECO-TT), observando-se opacificação do átrio direito (AD). O exame padrão-ouro para o diagnóstico é a angiografia contrastada por tomografia (angioTC) ou ressonância (angioRNM). Devido à disfunção renal, foi optado pela TC de tórax sem contraste, que confirmou a duplicidade da veia cava superior e o posicionamento do cateter no interior da VCSE persistente. Porém, devido à falta do contraste, não foi individualizada sua drenagem, que em cerca de 90% ocorre para o átrio direito através do seio coronário. Raramente, a drenagem pode ocorrer para o átrio esquerdo, resultando em shunt direito-esquerdo.

Conclusões/Considerações finais

A persistência da VCSE é a anomalia venosa congênita torácica mais comum. Deve ser cogitada ao se realizar uma punção da VJIE e a RXT demonstrar um trajeto anômalo do cateter, percorrendo verticalmente o lado esquerdo do mediastino, ou incidentalmente, se durante o exame de ECO-TT for observado dilatação do seio coronariano. ECO-TT com infusão de solução salina agitada e a angioTC/RNM são necessários para confirmação diagnóstica. É importante salientar que ao se identificar essa anomalia deve-se excluir possíveis alterações congênitas cardíacas que podem estar associadas.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo - Espírito Santo - Brasil

Autores

Fernanda Daher Pereira, Felipe Costa Guimarães, Marcella Severiano de Freitas, Felipe de Souza Cabral, Weverton Machado Luchi