15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Desfecho de um caso de Febre de Origem Indeterminada em Poliarterite Nodosa

Introdução/Fundamentos

Em 1961, a Febre de Origem Indeterminada (FOI) foi definida como doença febril (temperatura >38,3°C) acima de 3 semanas, ou diagnostico incerto após uma semana de internação hospitalar, excluindo pacientes imunocomprometidos. Atualmente, a tendência é por um protocolo de investigação dentro ou fora do hospital. As causas tem três grupos principais: infecciosas, neoplasias e doenças inflamatórias não infecciosas.

Objetivos

Relatar um caso de FOI com diagnóstico de poliarterite nodosa.

Caso

Paciente, 33 anos, sexo masculino, três semanas de febre, mal-estar, sem diarreia, linfonodomegalias, manchas na pele, queixas respiratórias e urinarias. Relatava episódio semelhante há três meses, autolimitado e não procurou atendimento. Exame físico inicial sem alterações. Iniciado protocolo de FOI. Exames laboratoriais: anemia (Hb 10,8) normocítica normocrômica, aumento das provas inflamatórias (PCR 152 e VHS 105), desidrogenase láctica (341), enzimas hepáticas alteradas (AST 140 e ALT 184), ferritina diminuída. Função renal e tireoidiana, eletroforese de proteínas, sedimento urinário, complementos séricos, fator reumatoide e antinuclear: normais. Hemoculturas e sorologias para doenças infectocontagiosas negativas. Tomografia de abdome com hepatoesplenomegalia e de pescoço sem alterações. Ecocardiograma transesofágico sem vegetações. Mielograma e biopsia de medula normais. Após duas semanas, apresenta fraqueza em membros inferiores, marcha parética, pé caído e aparecimento de lesões tipo livedo reticularis. Punção lombar normal. Ressonância magnética esqueleto axial sem alterações. Eletroneuromiografia com polineuropatia motora desmielinizante generalizada, padrão de mononeurite múltipla. Apresentou dor na região testicular. Biópsia das lesões de pele: inespecífico. Proposto biópsia de nervo sural e arteriografia de vasos abdominais, porém paciente se recusou a realizar. Portanto, diagnóstico de Poliarterite Nodosa com base nos critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia, 1990: Livedo reticularis, mononeurite múltipla, dor testicular e perda de peso>4kg. Realizado tratamento com prednisona 1mg/kg e metotrexate, com melhora completa do quadro.

Conclusões/Considerações finais

A FOI possuiu mais de 200 causas, com doenças de perfil atípicos, dificultando assim os diagnósticos. De 10% a 50% permanecem sem diagnóstico após extensa investigação. A relação médico paciente precisa ser forte, a propedêutica é extensa e demorada. Daí a importância do constante estudo médico, de doenças comuns a raras.

Palavras-chave

febre de causa desconhecida, poliarterite nodosa, relações médico-paciente

Área

Clínica Médica

Autores

Ana Gabriela De Magalhães, Ana Flavia Faria Rodrigues Melo, Talita Fernanda De Oliveira, Danilo Vale Rios, Gustavo Henrique Moreira Gomes