15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

USO INAPROPRIADO DOS INIBIDORES DE BOMBA DE PRÓTONS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Fundamentação/Introdução

Os medicamentos mais eficientes na supressão ácida gástrica na atualidade são os inibidores de bomba de prótons (IBPs), disponíveis no mercado desde 1989 com o lançamento do omeprazol. Esses fármacos inibem a H+, K+-ATPase das células parietais gástricas, ocasionando um aumento do pH estomacal. Devido ao baixo custo dessa classe de medicamentos, sua alta eficácia e seu baixo índice de efeitos colaterais, o uso de IBPs se tornou muito prevalente e, muitas vezes, não corresponde às indicações clínicas formais.

Objetivos

Avaliar o uso inapropriado dos IBPs na literatura.

Delineamento e Métodos

Revisão bibliográfica de artigos publicados na base de dados do PubMed que contivessem informações acerca de indicações, posologias, duração e prevalência do tratamento com IBPs.

Resultados

O uso dos IBPs aumentou 456% na década de 1990 desde a introdução do omeprazol em 1989. Vários estudos realizados em hospitais demostraram um uso excessivo de IBPs devido a indicações inapropriadas, como observado em 81,2% dos casos analisados por Ntaios et al. (2009); 54,5% no estudo de Ahrens et al. (2010); 65% no de Akram et al. (2014); 45,9 % no de Chia et al. (2014) e 54,1 % no de Ali et al. (2018). Segundo Kazberuk et al. (2016), os principais motivos injustificados para o uso dessa classe de medicamentos são profilaxia de úlcera de estresse em pacientes com baixo risco de sangramento gastrointestinal, proteção gástrica de rotina em pacientes recém-admitidos em hospitais e sintomas abdominais inespecíficos. No estudo de Ntaios et al. (2009), 25,4% dos pacientes internados na ala de medicina interna de um hospital terciário faziam uso de IBPs. A duração do tratamento desses pacientes estava adequada em apenas 2,5% das prescrições, evidenciando também o uso prolongado dessas medicações. Já no caso de pacientes ambulatoriais que utilizam IBPs, 62,9% não têm queixas ou diagnósticos que justifiquem seu uso de acordo com Rotman e Bishop (2013).

Conclusões/Considerações finais

Apesar de os IBPs serem considerados uma das classes de fármacos mais seguras existentes, há potenciais efeitos adversos no uso crônico dessas medicações e na supressão ácida gástrica a longo prazo. Pacientes que fazem seu uso continuamente sem uma indicação clínica clara só estariam expostos aos riscos envolvidos com essa medicação, além de acarretar custos muitas vezes desnecessários às instituições de saúde e ao usuário desse fármaco.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) - Santa Catarina - Brasil

Autores

Laura Marcon Bischoff, Laura Savi Mundi Faraco, Helena Marcon Bischoff, Alex Victor Souza Bialecki, Smile Calisto da Costa Becker