15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Reação hansênica tipo 2 com manifestações Sweet-like

Introdução/Fundamentos

A reação hansênica tipo 2 ocorre por alteração da imunidade humoral em pacientes com hanseníase, cursando com placas eritematovioláceas que podem evoluir com necrose central e serem acompanhadas por febre, hiporexia e orquiepididimite. A síndrome de Sweet é uma dermatose neutrofílica aguda que cursa com febre, leucocitose neutrofílica e placas elevadas e dolorosas em extremidades, face e pescoço além de infiltração sistêmica.

Objetivos

Relatar um caso atípico de reação hansênica tipo 2 com apresentação Sweet-like como primeira manifestação de hanseníase, diferenciando os diagnósticos.

Caso

Masculino, 53 anos, previamente hígido. Duas semanas antes da internação, abriu quadro de febre diária (40ºC) com hiporexia e congestão nasal. Após uma semana, iniciou flogose testicular bilateral, dor abdominal pior após refeições e surgimento súbito de lesões cutâneas polimórficas em pernas, antebraços, tórax, lóbulos auriculares e dorso do nariz. Referiu perda de 8kg. Exames pré-admissionais: anemia normocrômica e normocítica, fosfatase alcalina de 774 U/L, proteína C-reativa de 49,3 mg/dL, leucócitos totais de 11600/mm3 com 87% de neutrófilos segmentados, sem desvio à esquerda.
À admissão, regular estado geral, desidratado (+/4+), hipocorado (++/4+), com edema de membro inferior direito (+++/4+) e infiltração auricular. Abdome doloroso a palpação superficial e profunda. Apresentava púrpuras em membros inferiores e lesões nodulares, vesiculares e ulceradas com halo eritematoso e infiltração periférica em membros superiores e inferiores, tórax anterior e face, algumas com sinais de infecção secundária, além de linfonodomegalia axilar e inguinal bilateral e dolorosa.
Na internação manteve-se febril com leucocitose neutrofílica a despeito do início de vancomicina. Raspado intradérmico para pesquisa de Mycobacterium leprae evidenciou índice bacteriológico de 4,75+. Biópsia incisional de lesão cutânea mostrou formação de globias, confirmando o diagnóstico de reação hansênica tipo 2. Foi iniciado rifampicina, dapsona e clofazimina associado a talidomida, com melhora gradual e alta um mês após internação.

Conclusões/Considerações finais

Reação hansênica em forma atípica é um desafio diagnóstico quando surge como primeira manifestação da hanseníase. Sendo assim, o diagnóstico histopatológico com identificação de histiócitos vacuolizados contendo bacilos em um infiltrado rico em neutrófilos é essencial para a diferenciá-la da síndrome de Sweet.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal do Espírito Santo - Espírito Santo - Brasil

Autores

Felipe de Souza Cabral, Felipe Costa Guimarães, Fernanda Daher Pereira, Marlon Almeida Moreli, Estêvão Gasparini e Silva