15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Doença celíaca e doença óssea metabólica grave: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A doença celíaca (DC) é uma doença autoimune desencadeada pelo glúten em indivíduos suscetíveis. Além dos sintomas gastrointestinais clássicos, a DC é conhecida como uma importante razão de osteoporose, aumentando a propensão a fraturas ósseas, nesses pacientes.

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente com doença celíaca e osteoporose grave.

Caso

Uma mulher de 49 anos se apresentou ao ambulatório de clínica médica por dor generalizada 3 anos, e, perda de 30kg no período. De antecedentes, relatava hipotireoidismo e passado de histerectomia sem ooforectomia. Exames laboratoriais demonstravam anemia ferropriva, deficiência de ácido fólico, vitamina D e cálcio, aumento de PTH e fosfatase alcalina. Solicitado autoanticorpos com positividade em altos títulos para anti-endomisio IgA, anti-gliadina IgA e anti-transglutaminase IgA. Submetida a endoscopia digestiva alta, com achado de duodenite crônica moderada cujo anatomopatológico evidenciou atrofia vilositária e migração linfocitária no epitélio de revestimento, achados que corroboraram o diagnostico de DC. Devido a dor intensa, e altos níveis de PTH, foi realizado cintilografia de paratireoides sem evidência de hiperplasia ou adenoma, e densitometria óssea, que demonstrou osteoporose grave, principalmente em coluna lombar (T-score -5,6). Paciente segue em reposição de Vitamina D e cálcio em altas doses, com 100.000U semanais e 6 gramas de carbonato de cálcio por dia, associado a dieta isenta de glúten, com melhora importante da dor óssea e queda do PTH.

Conclusões/Considerações finais

Diarreia, anemia, má absorção e perda de peso são os sintomas clássicos da DC. A DC atípica é caracterizada por problemas reumatológicos, hepáticos, neurológicos e musculoesqueléticos, sendo a perda da densidade mineral óssea (DMO) comum, ocorrendo inclusive, em pacientes sem sintomas gastrointestinais. Além disso, outras doenças autoimunes se apresentam com conjunto com DC, como tireoidite crônica e diabetes mellitus tipo 1, predispondo a baixa DMO. O grau dessa perda óssea se traduz em maior risco de fratura nesses pacientes, sendo um importante fator de incapacidade, assim, a sua mensuração para prever e prevenir essa condição é fundamental.
Relatamos um caso de doença celíaca associada a hipotireoidismo, apresentando manifestações gastrointestinais, hiperparatireoidismo secundário a deficiência de vitamina D com osteoporose grave. Evidenciamos a importância da investigação de doença óssea metabólica nesses pacientes.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Autores

ANDRE LUIZ FERREIRA, VICTORIA RODRIGUES GRANJA ALENCAR