15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Vasculopatia aneurismática cerebral associada ao HIV: relato de caso.

Introdução/Fundamentos

Com o advento da terapia antirretroviral (TARV), o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) tem se tornado uma doença crônica, propiciando maior expectativa de vida aos pacientes, bem como o surgimento de novas patologias relacionadas à cronicidade da infecção.

Objetivos

Relatar um caso de Vasculopatia Aneurismática Cerebral (VAC) sintomática em paciente de 48 anos, infectada pelo HIV há 22 anos e discutir acerca dessa entidade.

Caso

Paciente feminina, 48 anos, com diagnóstico de HIV em 1997, compareceu à consulta de rotina com queixa de cefaleia holocraniana pulsátil associada à mialgia difusa há 15 dias, incluindo episódio de cefaleia intensa, com perda de consciência, liberação esfincteriana e hipotonia por cerca de 20 minutos, sem relato de movimentos tônico-clônicos. Negava febre, perda de força ou alteração visual. Ao exame, sinais vitais estáveis e ausência de alterações neurológicas. Exames laboratoriais com perda de função renal. Quanto ao controle do HIV, fez uso de vários esquemas de TARV, com má adesão. Carga viral do HIV detectável de longa data (último exame com 3.849 cópias/mL). CD4 314 células/uL (relação CD4/CD8 0,11) e nadir de CD4 de 54 células/uL há 4 meses. Ademais, paciente coinfectada por HCV, com história prévia de sífilis latente e tuberculose ganglionar. Diante de tal quadro clínico em paciente com reconstituição imune recente, foi aventada a hipótese de infecção oportunista de sistema nervoso central e a paciente foi internada. Tomografia computadorizada (TC) de crânio mostrou imagens saculares hiperdensas realçadas pelo contraste. Angio-TC de crânio confirmou aneurisma sacular, de cerca de 0,9 x 0,8 cm, localizado na artéria cerebral anterior direita. No dia seguinte, paciente foi submetida à punção lombar, com saída de líquido cefalorraquidiano persistentemente hemático, cuja análise foi negativa para fungos ou outras infecções. No mesmo dia, paciente apresentou convulsão tônica na enfermaria, sendo submetida a nova TC de crânio que sugeriu ressangramento. Ela foi submetida a tratamento endovascular do aneurisma mediante embolização com micromolas e permaneceu sob cuidados intensivos por quatro dias, com estabilização hemodinâmica e neurológica.

Conclusões/Considerações finais

A VAC é uma entidade nova e são necessários mais estudos para maior compreensão da patologia e sua epidemiologia. Esperamos que os profissionais de saúde estejam atentos às complicações crônicas do HIV e que este relato contribua com o conhecimento sobre a doença.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Laura Sulzbach Andrade, Carla Lima Ribeiro, Douglas Marinho Matos, Rodrigo Alberton Silva, Luciano Zubaran Goldani