15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Conhecendo as necessidades de saúde da população em situação de rua

Fundamentação/Introdução

O Sistema Único de Saúde (SUS) possui políticas de saúde voltadas para a População em Situação de Rua (PSR), já que essa possui necessidades de saúde específicas que se relacionam com as condições biopsicossociais do "estar na rua", como viver em condições precárias de higiene, sem moradia fixa e em pobreza extrema, com poucos e frágeis vínculos sociais. Rosa, Cavicchioli e Brêtas (2005) classificam essa população em três situações: ficar na rua (circunstancialmente), estar na rua (recentemente) e ser da rua (permanentemente). A transitoriedade de “ficar na rua” baseia-se nos vínculos ainda existentes entre o indivíduo e seus projetos de vida e familiares; já o “estar na rua” seria uma situação em que os vínculos com familiares e projetos pessoais se tornaram mais fracos e estreitaram-se vínculos com a rua; por fim, “ser da rua” traz em si a identificação e pertencimento ao local, bem como tudo que o envolve (pessoas, hábitos, etc.).

Objetivos

Objetivo geral: Conhecer as necessidades de saúde da População em Situação de Rua (PSR) de um município do Vale do Itajaí, Santa Catarina.
Objetivos específicos:
Identificar principais demandas em saúde dessa população específica;
Propor ações ao sistema público que contemplem as necessidades identificadas.

Delineamento e Métodos

Pesquisa acadêmica de caráter exploratório e abordagem qualitativa, mediante roteiro semiestruturado aplicado com oito indivíduos maiores de 18 anos e identificados como em situação de rua. Entrevistas aconteceram em praça pública, de forma aberta e voluntária, com sigilo mínimo de acordo com a situação.
Conduzida de acordo com o Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e realizada após aprovação do Comitê de Ética da UNIVALI (parecer 2.885.216).
Os nomes dos entrevistados foram mantidos em sigilo e substituídos por nomes de pássaros brasileiros. As fotografias que ilustram a apresentação foram tiradas durante a coleta de dados e possuem permissão por parte dos fotografados.

Resultados

Classificação em três grandes categorias relacionadas ao tema: viver na rua; assistência à saúde; demandas atuais das necessidades de saúde da PS, sendo o último subdividido em visibilidade e trabalho.
Foram entrevistados oito pessoas em situação de rua, com predomínio do gênero masculino (7 do sexo biológico masculino - totalizando 87,5% - e 1 do sexo biológico feminino - representando 12,5%). A média de idade foi de 34 anos e 10 meses (média de 34,85 anos, com idade mínima de 27 e máxima de 48 anos). Quanto à presença de documentação, apenas um entrevistado possuía documentos como certidão de nascimento, identidade e/ou carteira de trabalho, representando 12,5% da amostra, o restante (87,5%) não possuía nenhum desses documentos quando solicitados. Em média os entrevistados estavam vivendo em situação de rua por 4 anos e 9 meses (média de 4,76 anos; com no mínimo 7 meses e máximo 10 anos). Todos relataram dependência química como fator predisponente ou agravador para tal. Todos os entrevistados eram usuários de drogas e todos se identificaram como dependentes químicos em algum momento da vida. Sete dos oito entrevistados referiam internação prévia como tentativa de abstinência e um forneceu tal informação.
Foi identificado o problema de falta de documentos pessoais, tais como identidade e certidão de nascimento. Oportunidades de trabalho formal são escassas para a população em situação de rua, pesquisas sugerem que as ocupações mais comuns nesse grupo são vigilância de carros, limpeza e catação de material para reciclagem, bem como a mendicância.

Conclusões/Considerações finais

Viver em situação de rua implica em instabilidade e condições miseráveis de vida, não são garantidos os mínimos sociais. O sofrimento da exclusão social fortalece o uso de drogas, problema de saúde mais frequente na PSR. A assistência em saúde procurada em situações agudas (SAMU e Bombeiro Militar) e questiona-se se é possível ter saúde vivendo em situação de rua. As equipes de consultório na rua tem potencial de garantir atendimento humanizado e completo, através de olhar ampliado e preparo dos profissionais para demandas específicas.
A falta de conhecimento e preparo dos profissionais de saúde quanto à PSR dificulta o atendimento integral.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil

Autores

Isabella de Oliveira, Clarice Aparecida Munaro, Emerson da Silveira, Carlos Francisco Duarte Júnior