15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO A PARTIR DE QUADRO DE POLINEUROPATIA

Introdução/Fundamentos

O Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, multifatorial e uma comorbidade causadora de extenso processo inflamatório crônico e multissistêmico, resultando em diversas manifestações secundárias, como respostas cardiovasculares, dermatológicas, hematológicas, nefrológicas, entre outras. As manifestações neuropsiquiátricas do LES são as menos compreendidas e o envolvimento do sistema nervoso ocorre em 24% a 59% dos pacientes. Seu diagnóstico é de grande dificuldade, pois a apresentação varia entre cefaleia, disfunções cognitivas, convulsões e, como no caso, neuropatia periférica. A polineuropatia é um distúrbio sensitivo ou motor dos nervos periféricos, com duração variável, caracterizada pela simetria dos sintomas e por distribuição distal, necessitando de eletroneuromiografia (ENMG) para comprovação. O objetivo desse relato é abordar um caso de LES que teve uma evolução incomum, isto é, foi diagnosticado a partir de um quadro de polineuropatia.

Objetivos

Relatar um caso de LES diagnosticado a partir de apresentação inicial de um quadro de polineuropatia, situação raramente ocorrente na prática clínica.

Caso

Feminina, 55 anos, com fraqueza de membros superiores ascendente, progressiva e dificuldade de deambular há cerca de um mês, acompanhada de tremores, sudorese e piora do estado geral. História de dor abdominal em quadrante superior direito, recorrente, associada a derrame pleural sem causa específica, tratada com videodecorticação. Foi iniciada plasmaferese devido suspeita de Guillain Barré. Punção lombar normal e Ressonância Magnética de crânio e cervical sem mielopatia. ENMG de membros superiores e inferiores revelou polineuropatia periférica sensitiva e motora severa, mista com predomínio axonal e difusa, tornando o diagnóstico de Guillain Barré menos provável. Investigação adicional: plaquetopenia, linfopenia, anemia de doença crônica; Exame qualitativo de urina com proteinúria; Fator Reumatóide 128; FAN com padrão nuclear homogêneo > 1/640; C3 65, C4 7; anti-SM positivo. Tomografia de tórax com derrame pleural bilateral e derrame pericárdico moderado. Confirmou-se o diagnóstico de LES que teve como manifestação inicial a polineuropatia. Iniciou pulsoterapia com Metilprednisolona 1g, por 5 dias e Ciclofosfamida 7 pulsos mensais. Devido melhora dos sintomas e estabilização da doença, continuou em acompanhamento ambulatorial. Atualmente está em uso de Hidroxicloroquina.

Conclusões/Considerações finais

Apesar do LES ser uma doença comum, existem inúmeras formas de manifestações. Isso torna a investigação fundamental para um diagnóstico precoce mesmo em quadros evolutivos incomuns.

Área

Clínica Médica

Autores

Ana Luiza da Silva Garcia, Adriane Rubin Prestes, Ana Flávia Missio da Silva, Carmen Panceri, Ceres Cousseau Furlanetto, Matheus Augusto Eisenreich