15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Desempenho do sistema flash de monitorização de glicemia em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e doença renal crônica candidatos à terapia de reposição de células beta.

Fundamentação/Introdução

O tratamento intensivo com insulina no paciente com diabetes mellitus tipo 1(DM 1) reduz complicações crônicas. No entanto, esse tratamento está associado a um risco três vezes maior de hipoglicemias e suas consequências deletérias.

Objetivos

Avaliar o desempenho do sistema flash de monitorização de glicemia(FMG), FreeStyle Libre, em pacientes com DM1 e doença renal crônica(DRC) candidatos à terapia de substituição de células β (TSCβ).

Delineamento e Métodos

Foram recrutados pacientes candidatos à TSCβ, conforme protocolo institucional. Dados clínicos e demográficos foram coletados. Os pacientes responderam ao questionário Clarke para avaliação das hipoglicemias e foram submetidos a avaliação clínica e laboratorial. Os pacientes foram instruídos a realizar e registrar as medições de glicose no sangue, por meio da automonitorização da glicêmica capilar(AMG), sete vezes ao dia, incluindo antes e após as refeições e ao deitar.

Resultados

Foram incluídos 39 pacientes totalizando 1420 pares de medidas de glicose, durante 14 dias de monitoramento. 41,5% dos pacientes estavam em terapia dialítica e os demais eram transplantados renais. Hipoglicemia problemática foi diagnosticada em 59% dos pacientes. Verificou-se 2,8 vezes maior frequência de aferição da glicemia pelo método de FMG do que por AMG. FMG apresentou uma correlação significativa com AMG (r = 0.818, p<0.001) e a análise de Bland-Altman mostrou concordância estatística entre os dois métodos, porém com limites de confiança elevados (mean = 2.32 mg/dL; IC 95% –122 to 127 mg/dL). O MARD (diferença absoluta das médias) entre os dois métodos foi de 25.28% (95% CI 23.6-27.5%) e a maioria dos pares de glicose estavam nas zonas clinicamente aceitáveis de precisão (zones A and B) pela análise de Clarke Error Grid (92.75%) e pela análise de Consensus Error Grid (94,75%).

Conclusões/Considerações finais

O método de FMG pode ser uma ferramenta útil e auxiliar na monitorização glicêmica de pacientes candidatos à TSCβ com DRC. No entanto, devido à menor precisão do método de FMG durante os períodos de maior variabilidade glicêmica, especialmente em valores inferiores a 70 mg/dL, ele não deve ser utilizado isoladamente para orientar as intervenções terapêuticas. Nestes casos, a AMG deve ser realizada para confirmar os resultados. Estudos com medidas de glicemia sanguínea como método de referência devem ser feitos para melhor esclarecer o uso de glicemia intersticial nessa população.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Autores

Paula Stefenon, André Luís Marques Silveira, Cristiane Bauermann Leitão, Andrea Carla Bauer