15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Endocardite complicada de Prótese Aórtica – Quando menos é mais.

Introdução/Fundamentos

Endocardite de prótese valvar (EPV) ocorre em 1 a 3% dos casos em 1 ano e 3 a 9% em 5 anos do pós-operatório (PO) com mortalidade de 40%. Complicações clinicas, não controle do processo infeccioso e agentes como estafilococos e fungos direcionam para a necessidade de cirurgia. Estudo com pacientes estáveis (26,7% EPV), a antibioticoterapia (ATB) oral provou ser não inferior a endovenosa. Entretanto, em casos complicados, o tratamento clínico prolongado ainda é exceção.

Objetivos

Descrição de caso de EPV complicada, abordagem terapêutica e descrição de multimodalidade de imagem na definição da conduta e evolução clínica

Caso

ANFJ, masculino, 45 anos, troca valvar aórtica por prótese mecânica em 2015, internado em jun/18 com hemorragia cerebral fronto-têmporo-parietal direita e subfebril há 1 semana. Ecotranstorácico (ETT) evidenciando pseudoaneurisma do folheto anterior da valva mitral com regurgitação 4+ e prótese metálica aórtica sem disfunção, entretanto ao ecotransesofágico (ETE) observado abscesso periprotético. Colhidas hemoculturas e iniciado ATB empírica. Persistiu subfebril, PCR elevado, congestão pulmonar e ETE com prótese aórtica móvel, fístula e regurgitação periaórtica 4+.  Cirurgia de urgência com drenagem de abscesso perivalvar e troca por prótese aórtica biológica, porém sem abordagem da valva mitral. PO imediato com instabilidade hemodinâmica, ventilação mecânica prolongada, empiema pleural, insuficência renal aguda dialítica e persistência de febre diária. Novo ETT demonstrou abscesso periprotético com múltiplas lojas e extensão cranial ao longo da aorta ascendente. Reavaliado pela equipe cirúrgica, porém sem condições clínicas para reabordagem. Evoluiu com estabilização clínica, normalização das provas inflamatórias e afebril. Angiotomografia de aorta em ago/18 evidenciou coleção periaórtica de 3,0X2,0X1,9cm e extravasamento de contraste. Novo ETE em ago/18 ainda com abscesso periprotético e discreta fistula (regurgitação 2+). Mantido ATB até D42 persistindo afebril, hemocultura negativa, leucograma e PCR normais. Considerado inoperável pelo Heart-team, recebeu alta hospitalar em set/18. Observou-se em 30 dias boa evolução clínica, hemocultura negativa, entretanto com piora do VHS (2 -> 99) e PCR (0,5 -> 15). Realizou ETT e PET/CT em out/18 com persistência do abscesso e optado por ATB oral prolongada com amoxacilina 3,0gr/dia. Reavaliado em nov/18 com normalização laboratorial e boa evolução.

Conclusões/Considerações finais

A reoperação em casos de EPV melhora o prognóstico, no entanto alguns casos onde o risco cirúrgico é proibitivo, a ATB prolongada pode ser a única opção para controlar o processo infeccioso e até como ponte para eventual transplante cardíaco.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital IGESP - São Paulo - Brasil

Autores

Rizek Mikhail Hajjar Gomides, Angeline Jaruf, Ana Carolina Peppe, Rafaela Nieto Lufti, Norton Wagner Ferracini, Irapuan Magalhaes Penteado