15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

A Importância do diagnóstico rápido e eficaz na Síndrome de Stevens-Johnson

Introdução/Fundamentos

A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é caracterizada pelo acometimento mucocutâneo que varia desde hiperemia até lesões ulceradas muito dolorosas. A doença pode ser desencadeada pelo uso de medicamentos ou após a vigência de infecções, podendo estar relacionada também a eventos autoimunes. O mecanismo imunológico da SSJ ainda não foi esclarecido, mas evidências indicam que células T CD8 provocam a apoptose dos queratinócitos. As lesões são classificadas de acordo com a extensão do destacamento epidérmico: no SSJ a percentagem de descolamento é inferior a 10% da superfície corporal, enquanto que na necrólise epidérmica tóxica (NET) este parâmetro é superior a 30%. Quando há atingimento de 10 a 30% do tegumento cutâneo estamos perante uma sobreposição das duas situações. O reconhecimento prévio é de extrema importância para uma intervenção precoce. Além do tratamento de suporte, é primordial a suspensão do possível fármaco desencadeador.

Objetivos

O objetivo do estudo é relatar o caso de paciente com diagnóstico de Síndrome de Stevens-Johnson, destacando a importância da intervenção clinica o mais precocemente possível, de modo a contribuir com o aprofundamento sobre o conhecimento deste quadro.

Caso

Paciente A.F.S.C., feminino, 40 anos, cor parda, sem histórico de doenças prévias. Na anamnese, nega histórico de tabagismo, etilismo, alergias a medicamentos e uso de medicações de forma contínua.
Foi admitida pronto atendimento da UPA referindo quadro gripal há 6 dias. Por conta própria fez uso de Nimesulida 100 mg via oral (VO) por 5 dias e duas doses de Amoxicilina 500 mg VO sem melhoras do quadro clínico. Notou que aparecimento de manchas avermelhadas no corpo em região de mãos, antebraço e tronco, motivo pelo qual buscou o atendimento de emergência.
Durante a avaliação médica, a paciente refere não ter quadros iguais anteriormente e negou reações alérgicas prévias. Ao exame físico foi observada lesão com halo eritematoso em membros superiores e tronco (FIGURA 1), sinal de Nikolsky positivo (deslocamento da epiderme após tração manual) e acometimento de menos de 10 % da pele corporal total. Foi solicitado um hemograma que evidenciou: Eritrograma: 4,40mm, Hematocrito: 39,6%, Hemoglobina: 13,8g/dl, Leucócitos 18980mm, Segmentados: 85,8%, Eosinófilos 0,2%, Basófilos 0,4%, Linfócitos Típicos 6,4%, Monócitos 7,2%, Plaquetas 359 mil/mm.
Os dados semiológicos revelaram quadro compatível com Síndrome de Stevens-Johnson, que constituiu a principal hipótese diagnóstica. A paciente foi orientada a suspender as medicações que estavam em uso e iniciou-se tratamento com Loratadina 10mg por Via Oral e Azitromicina 500mg por Via Oral.
Após 5 dias do início da lesão paciente retorna ao atendimento para realização de uma nova avaliação das lesões (FIGURA 2). Houve extensão das lesões para membros inferiores e um aumento das lesões dos membros superiores e tronco. Algumas lesões apresentavam aspecto de eritema maculopapular em alvo, outras apresentavam aspectos bolhosos. Não acometiam mais do que 10% da superfície corporal. Orientou-se retorno após o término da medicação.
7º dia após aparecimento das lesões, ao exame físico nota-se regresso das bolhosas, áreas de necrose e descamação da epiderme e a paciente refere não ter outros sintomas (FIGURA 3). Solicitou-se um hemograma: Eritrograma: 4,10mm, Hematocrito: 36,7%, Hemoglobina: 12,7g/dl, Leucócitos 14090mm, Segmentados: 78,1%, Eosinófilos 0,4%, Basófilos 0,7%, Linfócitos Típicos 10,9%, Monócitos 9,9%, Plaquetas 430mil/mm. Paciente foi encaminhada para seguir o tratamento em um Hospital da cidade de São José do Rio Preto.

Conclusões/Considerações finais

Embora a Síndrome de Stevens-Johnson seja um fenômeno patológico de ocorrência rara, apresenta implicações sérias que podem colocar em risco a vida do paciente. O seu reconhecimento é importante para que a intervenção clínica possa ocorrer o mais precocemente possível.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Instituições

UNILAGO - São Paulo - Brasil

Autores

Mariana Morais Olimpio, Leticia Guimaraes, Camila Medeiro Contel, Leticia Nascimento Machado, Mauricio Vecchi Carmo