15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

CARACTERIZAÇÃO DE PACIENTES HIPERTENSOS DE UM PSF EM BARÃO DE COCAIS/MG

Fundamentação/Introdução

As doenças crônicas não transmissíveis, consideradas uma epidemia na atualidade, constituem um sério problema de Saúde Pública tanto em países desenvolvidos quanto nos que estão em desenvolvimento. Nesse rol incluem-se as afecções cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica (HAS), as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas e o diabetes mellitus (DM), além das desordens mentais e neurológicas, bucais, oculares, auditivas, ósseas e articulares e as alterações genéticas, por se considerar que exigem contínua atenção e esforços de um conjunto de equipamentos de Políticas Públicas e da sociedade em geral.

Nas últimas décadas, houve uma importante mudança no perfil da mortalidade da população brasileira, com aumento dos óbitos causados por doenças crônico-degenerativas e causas externas. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a primeira causa de mortalidade no mundo, com predominância de mortalidade prematura, principalmente em populações de baixa renda e, entre os fatores de risco para doença cardiovascular, encontram-se o diabetes mellitus e a hipertensão arterial, fatores independentes e sinérgicos. No Brasil, as DCNT corresponderam a cerca de 74% dos óbitos em 2012, além de representarem alta carga de morbidade.

A contribuição dos cuidados primários para a saúde da população e organização dos sistemas de saúde tem sido bem documentado. Um sistema de saúde organizado, com a atenção primária, comprova as possibilidades de desempenho pela rede de serviços de saúde, devido a facilidade de acesso, melhor manejo do paciente e suas co-morbidades e porque organiza e racionaliza o uso de recursos (básicos e especializados), visando a promoção e manutenção da saúde. Alguns estudos destacaram ainda que as características organizacionais, tipo de profissional (médico de família, clínico geral ou pediatra) e tipo de serviço em que o cuidado é fornecido tem um impacto sobre os resultados.

O Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus utiliza estratégias como reuniões mensais com ações educativas, estimulo a realização de atividades físicas, consultas medicas agendadas e entrega de medicamentos. Cada município possui uma programação local de atividades para os usuários cadastrados no Programa de HA e DM. Para o alcance da melhoria dos efeitos dos serviços na saúde da população é preciso prestar atenção a qualidade da assistência oferecida. Com esta finalidade, enfatiza-se a importância da avaliação como uma forma de verificar as condições em que as ações de saúde são desenvolvidas

Objetivos

O objetivo desse estudo foi classificar e analisar o perfil de pacientes hipertensos, de uma unidade de saúde em Barão de Cocais/MG, para criação de ações que visam melhorar os fatores relacionados ao risco cardiovascular e realizar um melhor controle de co-morbidades na atenção primária, evitando assim desfechos negativos.

Delineamento e Métodos

Foi realizado um estudo transversal, descritivo, através de dados primários coletados em revisão de prontuário de pacientes pertencentes a área de abrangência do PSF Vereador José da Anunciação, em Barão de Cocais-MG. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2018 a fevereiro de 2019.

A amostragem foi de 485 prontuários de pacientes hipertensos, de ambos os sexos, sem discriminação de cor e idade. O paciente deveria apenas ter diagnóstico de Hipertensão Arterial.

Após a separação dos prontuários de pacientes hipertensos, os mesmos foram revisados para preenchimento de uma planilha contendo grau de risco cardiovascular de cada paciente. O cálculo de risco cardiovascular utilizado foi o escore de Framingham (2008), utilizando a calculadora Calculate by QxMD. Os pacientes foram classificados em alto, médio e baixo risco. Além disso, foi coletado dados se o paciente teria outros fatores de risco mutáveis com mudança de estilo de vida. Esses fatores foram: obesidade, dislipidemia, tabagismo ativo. Foram considerados obesos pacientes com IMC maior ou igual a 30 kg/m2 e dislipidêmicos, pacientes com LDL > 100 mg/dL.

Resultados

Foram separados 485 prontuários (tabela 1) de pacientes hipertensos, desses 155 eram hipertensos e diabéticos (31,9%).

Em relação ao risco cardiovascular, foi utilizado o escore de Framingham (2008) para classificar os pacientes quanto ao risco cardiovascular (tabela 2). Foram encontrados, 239 pacientes alto risco (49,2%), 78 foram classificados como médio risco (16%), 110 baixo risco (22%), 58 pacientes (11,9%) não foi possível estabelecer o risco por falta de dados no prontuário.

Esses pacientes hipertensos também foram rastreados para obesidade (IMC maior ou igual a 30 kg/m²), dislipidemia ( LDL > 100 mg/dL) e tabagismo ativo (tabela 3). Foram encontrados 246 pacientes (50,7%) portadores de dislipidemia, 76 pacientes (15,67%) não tinham dados no prontuário sobre esse tipo de informação; 181 pacientes (37,31%) foram classificados como obesos e 64 (13,19%) não tinham peso e/ou altura recentes para realização do cálculo de IMC; 44 pacientes (9,07%) eram tabagistas e 67 (13,81%) não conseguimos localizar informações no prontuário em relação a esse hábito.

Conclusões/Considerações finais

Neste estudo transversal, evidenciou-se que a maioria dos pacientes hipertensos, da área de abrangência, são pacientes com alto risco cardiovascular, não controlados adequadamente. Observou-se que 50% dos pacientes hipertensos são portadores de dislipidemia e 37% de obesidade, o que nos leva a questionar a aderência desses pacientes ao tratamento não medicamentoso, como alimentação saudável e atividade física.

É importante considerar uma possível limitação deste estudo, caracterizado por viés de seleção, que pode ter ocorrido em função de o cadastro do Hiperdia não conter a totalidade de hipertensos residentes na área de abrangência do PSF Vereador José da Anunciação. Outro viés que pode ter ocorrido é o de aferição, pois algumas informações não estavam atualizadas nos prontuários, acontecendo no caso de pacientes que não realizam controle regular na Unidade de Saúde.

Após a coleta dos dados descritos, foi possível o planejamento de ações buscando melhorar os controles de pacientes hipertensos residentes na área de abrangência. Os dados foram passados ao Núcleo de Atenção a Saúde da Família (NASF) e, em conjunto com a equipe do PSF, foi criado um plano de cuidados para esses pacientes, através de reuniões mensais, onde é estimulado adesão ao tratamento não medicamentoso (mudança de estilo de vida, alimentação saudável, prática de atividades físicas), adesão ao tratamento medicamentoso e revisão de exames laboratoriais.

Palavras-chave

Área

Clínica Médica

Autores

THYESKA ZÓCOLI HONORATO, LIDIO DE ALMEIDA LACERDA NETO, MARCELOS SANTOS