Dados do Trabalho

Título

Abordagem de ceratite infecciosa pós-trauma associada a ectrópio proeminente

Fundamentação/ Introdução

A ceratite fúngica é classicamente associada a trauma com vegetais, ameaçando gravemente a visão e podendo culminar na necessidade de transplante corneano. Fatores como a maior exposição da córnea por ectrópio podem aumentar seu risco.

Objetivos

Relatar caso de manejo de úlcera de córnea secundária a trauma associada a ectrópio de pálpebras inferiores.

Delineamento e Métodos

Relato de caso para o qual dados e imagens foram coletados de prontuário eletrônico de paciente com úlcera de córnea.

Resultados

Paciente N.R., masculino, 55 anos, branco, tabagista, com ectrópio de pálpebras inferiores de longa data, queixa-se de dor e piora visual há 2 dias em olho esquerdo (OE), após trauma com vegetal há uma semana. Ao exame, paciente com baqueteamento digital pronunciado, pele espessa e com descamação em face e mãos, inclusive em região periocular onde se nota proeminente ectrópio. Com OE era capaz de contar dedos próximos ao rosto, apresentando edema de córnea intenso com dobras de Descemet e úlcera central de 3x3mm com halo estromal. Presença de hipópio de 2,8mm, próximo ao qual havia neovasos e conjuntivalização, com hiperemia conjuntival extensa. Foi coletado material para cultura e iniciado tratamento empírico tópico com tobramicina, ciprofloxacino e anfotericina B.
Após seis dias houve diminuição da dor e do hipópio (para 0,5mm), redução do edema de córnea e fechamento epitelial, com infiltrado pouco denso. Com nove dias, já não havia hipópio, e com 16 dias sumira o edema de córnea. Após um mês de tratamento, remanescia apenas leucoma em eixo visual, com suspensão dos antimicrobianos em uso. O paciente foi encaminhado ao ambulatório de plástica ocular para avaliação do ectrópio.

Conclusões/ Considerações Finais

As culturas e bacterioscopia não revelaram a etiologia, mas a análise minuciosa da história e da lesão com acometimento estromal profundo e halo presumiu um agente fúngico.
Demonstra-se a importância da integridade palpebral na proteção corneana, além da necessidade de se coletar material para análise e se instituir rapidamente tratamento antimicrobiano nas ceratites infecciosas.
Referências: ceratite fúngica, úlcera, trauma ocular, ectrópioRAPUANO, Christopher J et al. Córnea: ceratite fúngica. In: GERSTENBLITH, Adam T et al. Manual de Doenças Oculares do Wills Eye Hospital: diagnóstico e tratamento no consultório e na emergência. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Cap. 4. p. 73-75.

Palavras-Chave

ceratite fúngica; úlcera; trauma ocular, ectrópio