Dados do Trabalho
Título
Baixa de visão pós COVID-19, secundária à trombose venosa cerebral
Fundamentação/ Introdução
A trombose venosa cerebral (TVC) leva a uma progressiva congestão venosa e redução da reabsorção do líquido cefalorraquidiano, com consequente aumento na pressão intracraniana eventualmente causando hipertensão intracraniana (HIC) e edema de disco óptico.
Objetivos
Relatar um caso de baixa visual como apresentação inicial de quadro de trombose venosa cerebral crônica secundária à infecção por COVID-19, alertando para a importância da fundoscopia no diagnóstico e desfecho do caso.
Delineamento e Métodos
Relato de caso. Revisão de prontuário, exame oftalmológico, exames de imagem complementares e revisão da literatura.
Resultados
Mulher, 48 anos, queixa de escotomas visuais em ambos os olhos (AO) e episódios de cefaleia occipital de forte intensidade com início há 2 meses. Relatou internamento por COVID-19 recente, com inicio dos sintomas citados 10 dias após a alta hospitalar. Sem história oftalmológica prévia. Nega comorbidades ou medicações continuas.
Ao exame oftalmológico, acuidade visual sem correção de 20/60 em AO. Na avaliação da função da musculatura ocular extrínseca (MOE), ortotrópico em posição primária do olhar e restrição de abdução de OE. Biomicroscopia normal AO, reflexo fotomotor reduzido bilateralmente. Mapeamento de retina: edema de disco bilateral.
A paciente foi imediatamente encaminhada ao serviço de neurologia para investigação do quadro clínico, por provável quadro de HIC de etiologia a esclarecer. Realizada coleta de líquor com pressão de abertura de 31 mmHg; demais exames laboratoriais como D- dímero e coagulograma sem alterações.
Angiotomografia de crânio com contraste em fase venosa identificou falha de enchimento de seio sagital superior, seio transverso e seio sigmóide à direita, sendo os achados compatíveis com trombose venosa central. Angioressonância magnética de crânio avaliou sinais de leve microangiopatia bilateralmente. Tomografia de tórax identificou opacidades com atenuação em vidro fosco que poderiam estar relacionadas ao diagnóstico prévio de COVID-19. Doppler de carótidas normal.
A paciente foi internada para tratamento com varfarina, recebendo alta em boas condições, com redução significativa do edema de disco óptico AO e retorno para seguimento ambulatorial.
Conclusões/ Considerações Finais
Em casos menos severos ou crônicos de TVC, a obstrução do fluxo venoso cerebral pode causar sintomas mais brandos com clínica neurológica menos intensa, sendo o exame de FO importante e relevante no diagnóstico antes da realização de exames complementares.
Palavras-Chave
Edema de disco, Covid-19, trombose venosa cerebral
Área
Tema Livre
Instituições
HOSPITAL DE CLÍNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - Paraná - Brasil, HOSPITAL DE OLHOS DO PARANÁ - Paraná - Brasil
Autores
ADRIANE FACCIN, HARYMY COSTA BARROS TEIXEIRA, KENZO HOKAZONO , NATÁLIA ASSUMPÇÃO LIMA DIAS, RAISA SCHNEIDER AREND