16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Abscesso Hepático por Klebsiella pneumoniae em paciente com Pneumonia grave por SARS-COV2 e Anemia Falciforme – relato de caso

Fundamentação/Introdução

Abscesso Hepático, tipo mais comum de abscesso visceral, geralmente é associado a quadro de peritonite e sua fisiopatologia é ligada à disseminação hematogênica. Quanto à microbiologia do abscesso piogênico, a K. pneumoniae consta como um agente etiológico frequente. Sinais e sintomas incluem febre, dor abdominal, icterícia, aumento de aminotransferases e bilirrubina.

Objetivos

Relatar caso clínico de abscesso hepático em portadora de anemia falciforme e pneumonia por covid 19

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

J.T.V., 28 anos, gestante de 21 semanas e portadora de anemia falciforme, admitida em UTI por suspeita de pneumonia por COVID-19 já em insuficiência respiratória. Procedeu-se à intubação orotraqueal e ventilação mecânica e iniciou-se Ceftriaxone e Azitromicina, além de Dexametasona 6mg/dia, ampliando-se a antibioticoterapia com Piperacilina/Tazobactam no dia seguinte. Resultado positivo de RT-PCR e a tomografia (TC) de tórax com achados característicos confirmaram o diagnóstico. Após 2 semanas, constatou-se óbito fetal induzindo-se o parto vaginal e realizando-se curetagem. Apesar disso, paciente evoluiu com sepse. Após troca de acessos venosos, foram iniciados Vancomicina, Meropenem, e Polimixina B. Registrou-se piora evolutiva de função renal, exigindo hemodiálise, e piora de anemia falciforme e icterícia impondo hemotransfusão regular. Atribuiu-se a piora hematológica em parte ao quadro infeccioso como gatilho para a doença de base e resultante hemólise. Hemoculturas revelaram K. pneumoniae multirresistente, sensível apenas à Polimixina B e Ceftazidima e Avibactam. A despeito da antibioticoterapia, a paciente manteve febre associada à piora importante das aminotransferases, bilirrubina e função hepática. Ecocardiograma sem alterações. USG de abdome: múltiplos abscessos hepáticos, sem obstrução em vias biliares – achados confirmados por TC. Paciente apresentava, então, insuficiência hepática (MELD 40). Realizada punção do abscesso com coleta de material purulento, a cultura possibilitou isolamento de Klebsiella pneumonie de mesmo espectro de hemoculturas anteriores. Mesmo com antibioticoterapia guiada (Ceftazidima e Avibactam), paciente evoluiu para óbito devido à sepse.

Conclusões/Considerações Finais

Apesar do acesso a exames de imagem, este caso representou um desafio diagnóstico e de manejo clínico devido a fatores de confundimento, como a anemia falciforme, múltiplos e superpostos focos infecciosos, num contexto de alta complexidade da pandemia de COVID- 19.

Palavras Chave

Abscesso hepático, SARS-COV-2, anemia falciforme.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Federal Servidores do Estado - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ANA AZEVEDO BELTRAO