Dados do Trabalho

Título

Poliartrite inflamatória aguda como manifestação de reação tipo 2 (eritema polimorfo hansênico): relato de caso

Fundamentação/Introdução

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de importante preocupação de saúde pública, sendo o Brasil considerado área endêmica. Sua apresentação clínica tem como característica o acometimento dermatoneurólogico importante, podendo apresentar espectro amplamente variável e ainda, reações inflamatórias sistêmicas, antes, durante ou após o tratamento, conhecidas como Reações Hansênicas.

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente com poliartrite assimétrica como primeira manifestação de reação hansênica tipo 2 (Eritema Nodoso Hansênico).

Delineamento e Métodos

Paciente feminina, 17 anos, procedente de Mirassol-SP, com quadro de artralgia e sinais de artrite há 15 dias da admissão, inicialmente em tornozelo direito, evoluindo com poliartrite aditiva assimétrica e parestesias. Em associação, houve surgimento de pápulas eritemato-violáceas em cotovelo esquerdo, região malar direita e um episódio febril. Ao exame físico, apresenta sinais de artrite e lesões cutâneas de característica infiltrativa, de distribuição assimétrica. Exame fisico ginecológico sem alterações. Os exames admissionais evidenciavam leucocitose sem desvio, provas inflamatórias (PCR e VHS) elevados, fator reumatoide positivo, FAN não reagente, sorologias para ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) negativas. Permanceu internada com hipóteses iniciais de artrite reumatoide, artrite gonocócica, lúpus eritematoso sistêmico, brucelose, febre maculosa e doença de Still. A partir do segundo dia de internação, a paciente iniciou quadro de febre diária associado a evidências de infecção em exames laboratoriais e linfonodomegalia inguinal dolorosa. Optou-se por iniciar tratamento empírico com antibioticoterapia com cobertura para artrite gonocócica e a paciente presentou melhora completa do quadro clinico após medidas adotadas.

Resultados

Ainda durante internação, investigada com exames de imagem, apresentava hepatoesplenomegalia leve e espessamento de nervos periféricos.
Realizada biopsia cutânea para melhor elucidação diagnostica, compatível com Reação Hansênica tipo 2 (Eritema Nodoso Hansênico).

Conclusões/Considerações Finais

Por se tratar de uma doenca endêmica e de importante incidência em nosso meio atual, a hanseníase deve compor o hall de possibilidades diagnósticas mesmo em quadros menos sugestivos, como em situações agudas e autolimitadas, visto que, em casos de apresentação inicial por reação inflamatória, o quadro pode ser indistinguível clinicamente da apresentação inicial de doença reumatológica, necessitando de ampla investigação diagnóstica diferencial.

Palavras Chave

Hanseníase, Eritema Nodoso Hansênico, Reação Hansênica Tipo 2, reação inflamatória multissistêmica

Área

Clínica Médica