16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Eritema nodoso abrindo quadro de hanseníase com diagnóstico tardio após dois anos de infecção

Fundamentação/Introdução

Hanseníase é uma doença contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, com duas formas de apresentação: tuberculóide ou virchowiana. O quadro clínico varia desde hipopigmentação da pele a lesões neurais graves ou disfunção de órgãos como ossos e articulações. Ocorre em qualquer sexo e idade, de evolução lenta e progressiva. Quando não tratada leva a incapacidade física e psicossocial.

Objetivos

Relatar caso de Hanseníase virchowiana em quadro arrastado de febre e adenomegalias de paciente atendido em um Hospital do Distrito Federal.

Delineamento e Métodos

WOFT, 39 anos, feminina, trabalhava em creche, sem doenças prévias. Relatava internação em 2018 por febre alta, recorrente e adenomegalias. Desde então, referia persistência do quadro. Evoluiu, em maio de 2020, com artralgias em joelhos e cotovelos. Em julho de 2020, teve diagnóstico de COVID-19 levando à piora progressiva da dor e limitação de membros inferiores (MMII). Diante disso, foi feita internação em setembro de 2020. Exame físico admissional: hipoestesia de MMII na altura do tornozelo; hiporreflexia de calcâneo; adenomegalias submandibular, axilar, cervical, inguinal indolores e máculas tom café-com leite; edema duro e doloroso compatível com eritema nodoso. Os exames alterados: D-dímero 3326; Hb 9,9; Htc 30,4; PCR=87,33; VHS=75; FA 498; gGT 228; eletroforese e imunofixação de proteínas com gamopatia policlonal; EAS proteínas e hemácias; proteinúria 24 horas 118 mg; Ca 10,3. Os exames sem alterações: leishmaniose (2018, 2019), PPD, ASLO, sorologias HIV, Hepatites B, C, Sífilis, crioglobulinas, p-ANCA, c-ANCA, anti DNA, C3 e C4, anti-SM, anti-RO, anti-LA, FR, FAN e pesquisa de dismorfismo eritrocitário. Doppler de MMII normal. Eletroneuromiografia: neuropatia axonal, sensitiva, distal. Ecocardiograma com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo leve, derrame pericárdico mínimo. Tomografia(TC) de tórax com adenomegalia axilar e derrame pleural em hemitórax direito. TC de abdome com hepatoesplenomegalia e linfonodomegalias inguinais. Biópsia linfonodo inguinal: linfoadenopatia granulomatosa com histiócitos ricos em bacilos e coloração positiva para bacilos de Mycobacterium leprae.

Resultados

Após 69 dias de internação, paciente recebe alta com sequelas sensitivas e instituído início do tratamento.

Conclusões/Considerações Finais

Conclui-se que, embora a Hanseníase seja endêmica no Brasil, seu diagnóstico é negligenciado, o que contribui para a manutenção dessa doença incapacitante e estigmatizante.

Palavras Chave

Eritema nodoso; Hanseníase; adenomegalia; febre

Área

Clínica Médica

Autores

EVELLYN MARIANA DE BRITO MORAES, PIETRA ARISSA COELHO MATSUNAGA, NÁBILLA NEVES FROTA SOUZA, GISELE COSMO DOS SANTOS