16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Paracoccidioidomicose aguda/subaguda juvenil na Zona Norte do município do Rio de Janeiro

Fundamentação/Introdução

A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica grave causada por fungos termodimórficos do gênero Paracoccidioides spp., cuja infecção ocorre após inalação de propágulos aéreos provenientes do solo, sendo a principal causa de morte dentre as micoses sistêmicas no Brasil. É endêmica no estado do Rio de Janeiro, com relato em 2017 de surto na Baixada Fluminense após a construção do Arco Metropolitano, o que evidencia a necessidade de vigilância epidemiológica no contexto de mudanças climáticas e ambientais no espaço geográfico.

Objetivos

Relatar apresentação aguda/subaguda atípica de PCM em paciente jovem em área urbana. Poucos dados na literatura abordam o contexto epidemiológico dessa doença nos últimos anos, alertando a necessidade de investigação epidemiológica local.

Delineamento e Métodos

Paciente feminina de 17 anos, sem comorbidades, iniciou há 3 meses prostração associada a dor lombar progressiva. Evoluiu com febre vespertina e lesões cutâneas pequenas, papulares e eritematosas em face, que se tornaram verrucosas, pruriginosas, maiores (aproximadamente 1 centímetro), disseminadas, coexistindo em diferentes estágios de evolução, por vezes com umbilicação central. Concomitante, iniciou síndrome colestática e consumptiva, com dor intensa em terço distal de clavículas. Laboratório de admissão com anemia e eosinofilia; sorologias de doenças infecciosas comuns, auto-imunes e de histoplasmose negativas.

Resultados

Tomografias identificam linfonodomegalias mediastino-hilares e abdominais, com hepatoesplenomegalia e dilatação de vias biliares. Ressonância magnética compatível com osteomielite e sinovite acromioclavicular. Procedidas biópsias cutâneas e guiadas por ecobroncoscopia, com diagnóstico histopatológico de PCM; sorologia para PCM reagente (1/512). Realizada notificação epidemiológica e tratamento com anfotericina B convencional intravenosa, com resposta clínica expressiva. Após desospitalização, iniciou itraconazol via oral e mantêm acompanhamento periódico ambulatorial.

Conclusões/Considerações Finais

Menos de 5% dos pacientes infectados desenvolvem sintomas, sendo o comprometimento osteoarticular raro e as lesões cutâneas apresentadas atípicas. O caso traz à tona um possível cenário local de infecções subclínicas não identificadas. A avaliação epidemiológica pode antever desenvolvimento de novos casos em sua forma crônica do adulto nas populações expostas.

Palavras Chave

Paracoccidiodomicose; área urbana; lesões cutâneas verrucosas; linfonodomegalia

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Universitário Pedro Ernesto/ UERJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

JESSICA MUSSEL SANTOS, LUCAS ZANETTI DE ALBUQUERQUE, JOÃO VITOR COELHO PACHECO, CAMILA ISABEL RODRIGUES ASSIS, LEIVY ZUCKER CYTRYN