16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE MONOARTRITE EM PACIENTE IMUNOSSUPRIMIDA: A IMPORTÂNCIA DA DOSAGEM DE ADA NA PROPEUDÊUTICA INICIAL DO ESTUDO DO LÍQUIDO SINOVIAL

Fundamentação/Introdução

Apesar de incomum, o diagnóstico de artrite tuberculosa, frente à nossa realidade epidemiológica, deve sempre ser lembrado, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Tal diagnóstico, no entanto, é desafiador: a pesquisa de bacilos álcool ácido resistentes tem baixa sensibilidade (20%) e a cultura leva em torno de 8 semanas para identificação de micobactérias. A adenonisa deaminase (ADA), um sensível marcador já utilizado como guia diagnóstico em outras apresentações de tuberculose, surge como um indicador rápido e de fácil acesso para início precoce de terapêutica adequada de forma a evitar as complicações e efeitos deletérios relacionados a um diagnóstico tardio.

Objetivos

Descrever um caso de monoartrite em paciente com diagnóstico de B24, cujo nível elevado de ADA no líquido sinovial guiou o início de tratamento para artrite tuberculosa com boa resposta clínica.

Delineamento e Métodos

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Resultados

Mulher, 42 anos, B24 em uso irregular de terapia antirretroviral, admitida em hospital terciário apresentando quadro de dor, edema, eritema e calor em joelho esquerdo, que impossibilitava a deambulação, há 7 dias. Procedido à artrocentese diagnóstica e iniciada antibioticoterapia empírica, mantida por dois dias até resultado de estudo de líquido excluir possibilidade de artrite séptica bacteriana. Apesar do uso de anti-inflamatórios, paciente apresentava evolução flutuante, com quadro arrastado e persistência de sinais flogísticos locais. Realizada ressonância magnética de joelho esquerdo que evidenciou, mesmo após 6 semanas do início do quadro, importante derrame articular e sinovite. Desta forma, diante do quadro prolongado em paciente imunossuprimida (linfócitos T CD4 de 81/mm3), optou-se por seguir com nova punção, desta vez com dosagem de ADA no líquido. Dois dias após, resgatado resultado de ADA de 62 U/L. Iniciado então tratamento para tuberculose, com boa evolução e regressão do quadro. Ambulatorialmente, seguiu sem novas queixas articulares com gradual e progressiva melhora, apesar de discreta sequela de mobilidade articular.

Conclusões/Considerações Finais

O retardo diagnóstico de artrite tuberculosa leva à oneração do sistema público por destruição e sequelas articulares, além de aumento do tempo de internação e todas as suas consequências. Faz-se essencial estudos voltados à definição de ponto de corte diagnóstico de biomarcadores ampla e facilmente acessíveis, como ADA, em particular para centros com menor disponibilidade de meios diagnósticos complementares.

Palavras Chave

monoartrite crônica; artrite tuberculosa, adenosina deaminase (ADA); imunossupressão.

Área

Clínica Médica

Autores

MIRIAM BARRETO BAIE, PAULO SILVEIRA TASSO, MARCELA DOS SANTOS ARRUDA, RENATA SPINELLI RESENDE, LORENA NUNES BEZERRA