16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Mucormicose pulmonar: raro diagnóstico diferencial em meio à pandemia de COVID-19.

Fundamentação/Introdução

Introdução: A mucormicose é uma infecção fúngica incomum, causada por fungos da ordem Mucorales, acomete pacientes imunodeficientes, diabéticos mal controlados, principalmente em cetoacidose diabética (CAD), grandes queimados, entre outros. As manifestações clínicas são variáveis e se apresentam por comprometimento rinocerebral (44-49%), cutâneo (10-19%), pulmonar (10-11%) e disseminado (6-11%). Na forma pulmonar acomete principalmente pacientes com leucemia e linfoma (37%), seguida de diabéticos (32%). Manifesta-se com febre refratária ao uso de antibióticos de amplo espectro, tosse não produtiva e dispneia progressiva.

Objetivos

Objetivo: relatar um caso de mucormicose pulmonar como raro diagnóstico diferencial em meio à pandemia de COVID-19.

Delineamento e Métodos

Descrição do caso: D.S., feminino, 53 anos, obesa e hipertensa, encaminhada para serviço hospitalar terciário com dor abdominal, taquipneia, polidipsia e critérios laboratoriais compatíveis com CAD, apesar do desconhecimento de diabetes prévio. Realizada terapêutica para CAD, evoluiu após três dias com febre, dispneia e dessaturação. Aventada hipótese de infecção pulmonar por COVID-19, realizou-se swab RT PCR para SARS-CoV2 e tomografia computadorizada (TC) de tórax, com, respectivamente, resultado negativo e ausência de achados típicos para pneumonia viral ou sinais de infecção fúngica.

Resultados

Iniciado antibiótico para foco pulmonar e cutâneo, devido lesão bolhosa eritematosa em membro inferior, mas sem resposta clínica, mantinha episódios febris e oxigenioterapia. Após dois dias, prosseguia com febre, escalonado antibiótico e realizado novo swab RT PCR para SARS-CoV2 (negativo) e nova TC de tórax, que demonstrou opacidade no lobo superior direito com aspecto de “halo invertido” sugestivo de infecção fúngica. Assim, realizou-se complementação diagnóstica com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica, que resultaram positivas para a pesquisa de fungos pela coloração de Crocott-Gomori e Ácido Periódico com hifas compatíveis com a ordem Mucorales. Foi realizado tratamento por 14 dias com anfotericina B com resposta clinica adequada.

Conclusões/Considerações Finais

Conclusão: A mucormicose pulmonar apresenta-se como diagnóstico diferencial a ser lembrado no contexto de quadros pulmonares febris, principalmente, em situações de DM mal controlada e CAD. Assim, apesar do atual quadro de pandemia por COVID-19, não devemos nos esquecer dos demais diagnósticos diferenciais pulmonares e ter em mente a pista diagnóstica sinal do halo invertido na TC de tórax.

Palavras Chave

Palavras-chave: mucormicose pulmonar; infecção pulmonar por COVID-19; cetoacidose diabética.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) - São Paulo - Brasil

Autores

FERNANDO BALDISSERA PIOVESAN, DIEGO APARECIDO RIOS QUEIRÓZ, MARCUS STUDART PRATA, PEDRO PAULO CAVINATO JUNIOR, BRUNO SILVA BORGES