16º Congresso Brasileiro de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Mucormicose angioinvasiva após infecção pelo vírus SARS-COV-2: relato de caso

Fundamentação/Introdução

A infecção fúngica invasiva por fungos do gênero Mucorales é frequentemente associada a estados de imunocomprometimento e situações clínicas que cursam com hiperglicemia. Durante a pandemia pelo vírus SARS-COV-2 foi observado aumento da frequência de mucormicose nos pacientes infectados, visto a maior prevalência de diabetes e imunossupressão nestes pacientes.

Objetivos

Relato de caso de mucormicose, patologia grave, com aumento da incidência após pandemia pelo vírus SARS-COV-2.

Delineamento e Métodos

Paciente do sexo masculino, 54 anos, branco, sem patologias de base. Foi admitido com queixa de dor periorbitária a direita com caráter latejante, de forte intensidade, associado à turvação visual e letargia. Vinte dias antes do início do quadro, o paciente esteve internado em enfermaria devido infecção pelo SARS-COV-2, com necessidade de suporte ventilatório não invasivo. Durante este período, apresentou descontrole glicêmico importante e fez uso de dexametasona 6mg/dia por 16 dias. A hiperglicemia se manteve após a suspensão da corticoterapia e paciente teve alta com uso de insulina.
Devido quadro clínico presuntivo mucormicose, pelos sinais e sintomas de infecção dos seios da face associado a alterações neurológicas, paciente foi internado para investigação e início de tratamento empírico com anfotericina B desoxicolato na dose de 5mg/kg/dia.

Resultados

Realizada ressonância magnética de crânio, que evidenciou sinais de sinusopatia fúngica angioinvasiva com extensão para o parênquima cerebral no aspecto inferomedial do lobo frontal direito. Realizada análise anatomopatológica de produto de sinusopatia com evidência de sinusite crônica de etiologia fúngica com extensa necrose, sugestivo de mucormicose, confirmando a hipótese diagnóstica. Paciente atualmente recebeu a dose de 8.625mg de anfotericina B e segue em tratamento clínico apresentando melhora parcial dos sintomas.

Conclusões/Considerações Finais

A mucormicose é uma doença manifesta como diferentes síndromes clínicas, sendo a infecção rino-orbito-cerebral a mais comum. A presença de angioinvasão e necrose são características da doença e estão associadas ao pior desfecho e gravidade. Estados de hiperglicemia favorecem a ocorrência de manifestações mais graves da doença. Diante de uma pandemia pelo coronavírus é importante que os médicos considerem a mucormicose como potencial complicação nesses pacientes para que o tratamento seja realizado de forma precoce, visto a alta taxa de mortalidade da doença.

Palavras Chave

Mucormicose; SARS-COV-2; rinossinusite fúngica

Área

Clínica Médica

Autores

GABRIELLE LIMA ALVES REIS, RENATA ZORGETTI MANGANARO OLIVEIRA, BEATRIZ VILACIAN ALMEIDA, GEISON JOSE DO PRADO VENTURA, IRINEU LUIZ MAIA